A cartografia social como ferramenta na criação de vínculo junto aos moradores de Petrópolis
Em 15 de Fevereiro de 2022, a cidade de Petrópolis foi cenário de um dos maiores desastres ambientais registrados no país, deixando mais de 3 mil desabrigados e 234 mortos (Diário de Petrópolis). Outros dois desastres de grande proporção foram os ocorridos em 1988, que atingiu o primeiro distrito, deixando 134 mortos e mais de mil desabrigados, e o que ocorreu em 2011, que atingiu toda a região serrana do estado, deixando mais de 900 mortes e 100 pessoas desaparecidas, sendo o maior impacto ocorrido na cidade de Nova Friburgo. Em Petrópolis, a região mais atingida foi o 3o Distrito, principalmente, o Vale do Cuiabá. Embora as chuvas tenham atingido o primeiro distrito como um todo, são em áreas de maior vulnerabilidade social onde percebe-se o maior impacto da tragédia. São nessas localidades onde o poder público demora mais para chegar e garantir retorno ao acesso à direitos básicos como energia elétrica e água. Segundo o site da Prefeitura de Petrópolis, até o dia 18 de Abril de 2022, foram contabilizadas 137 construções com estruturas danificadas que deveriam ser demolidas nas regiões do Alto da Serra, Quitandinha, Caxambu, São Sebastião, Chácara Flora, Siméria, Bingen, Bairro da Glória, Provisória, Mosela, Morin, Estrada da Saudade e Castelânea. Até Março de 2022, o Centro da cidade não contava com as sirenes de alerta da Defesa Civil que indicam o risco de deslizamento e, os lugares onde essas sirenes existem muitas vezes não vem acompanhado de treinamentos do que fazer em situações de emergência. O indicado é ir para um local seguro, normalmente uma escola municipal, que não é abastecida e nem preparada para receber uma grande quantidade de pessoas. Todo o alimento, roupas e kits de higiene pessoal são recebidos através de doações, porém apenas depois de acontecer o pior. De acordo com os jornais da época, o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) emitiu um alerta de chuvas fortes para a região dias antes. Este órgão foi criado após a tragédia de 2011 com intuito de monitorar e emitir alertas sobre condições meteorológicas que possam oferecer risco à população. Mesmo com a tecnologia implantada para o monitoramento meteorológico e movimentação do solo, não houve a realização de obras necessárias para evitar este tipo de tragédia. De acordo com o site do MAB, o Governo do Estado, em balanço realizado no ano de 2021 (dez anos desde a tragédia de 2011), reconheceu que um terço da verba, equivalente à R$ 500 milhões, destinada à construção de moradias, contenção de encostas e limpeza do leito dos principais rios não havia sido ainda aplicada. Este fato corrobora para o indicativo de que a vulnerabilidade e exposição das pessoas às áreas de risco aumente o impacto das chuvas num território já propenso aos deslocamentos de terra.
On February 15, 2022, the city of Petrópolis was the scene of one of the biggest environmental disasters recorded in the country, leaving more than 3,000 people homeless and 234 dead (Diário de Petrópolis). Two other disasters of major proportions were those that occurred in 1988, which hit the first district, leaving 134 dead and more than a thousand homeless, and the one that occurred in 2011, which hit the entire mountainous region of the state, leaving more than 900 dead and 100 people missing, with the greatest impact occurring in the city of Nova Friburgo. In Petrópolis, the region hardest hit was the 3rd District, especially the Cuiabá Valley. Although the rains hit the first district as a whole, it was in areas of greater social vulnerability that the tragedy had the greatest impact. It is in these areas that public authorities take the longest to arrive and guarantee access to basic rights such as electricity and water. According to the Petrópolis City Hall website, by April 18, 2022, there were 137 buildings with damaged structures that should be demolished in the regions of Alto da Serra, Quitandinha, Caxambu, São Sebastião, Chácara Flora, Siméria, Bingen, Bairro da Glória, Provisória, Mosela, Morin, Estrada da Saudade and Castelânea. Until March 2022, the city center did not have the Civil Defense warning sirens that indicate the risk of landslides, and the places where these sirens do exist are often not accompanied by training on what to do in emergency situations. The best thing to do is to go to a safe place, usually a municipal school, which is neither stocked nor prepared to receive a large number of people. All food, clothing and personal hygiene kits are donated, but only after the worst has happened. According to the newspapers at the time, Cemaden (the National Center for Monitoring and Alerts of Natural Disasters) had issued a warning of heavy rains for the region a few days earlier. This agency was created after the 2011 tragedy to monitor and issue warnings about weather conditions that could pose a risk to the population. Even with the technology in place for meteorological monitoring and soil movement, the necessary works to prevent this type of tragedy have not been carried out. According to the MAB website, the state government, in an assessment carried out in 2021 (ten years since the 2011 tragedy), acknowledged that a third of the funds, equivalent to R$500 million, earmarked for building housing, containing slopes and cleaning up the beds of the main rivers had not yet been used. This corroborates the idea that people's vulnerability and exposure to risk areas increases the impact of rainfall on a territory. This fact corroborates the indication that the vulnerability and exposure of people to risk areas increases the impact of rainfall in a territory already prone to land displacement.