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Gabriel Schvarsberg

Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília (2006), mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (2011) e doutorado em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2017). É professor adjunto do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Desde 2009 atua como professor universitário na área de arquitetura e urbanismo: FAUFBA (2009-2011), Universidade Salvador (2012), FAU-UFRJ (2014-2016), Universidade Santa Ursula (2016-atual). Como pesquisador, integra desde 2013 o Grupo de Pesquisa Modernidade e Cultura - IPPUR/UFRJ. Atuou também no Laboratório Urbano - PPGAU/FAUFBA (2009-2012). Pesquisa principalmente os seguintes temas: processos urbanos contemporâneos, relações entre produção de cidade e exercício político, cartografia social, mobilizações coletivas no espaço urbano, corpo, linguagem e experiência de rua. Tem experiência profissional nas áreas de mobilidade urbana, habitação social, planejamento urbano e ensino de projeto.

Interesses de pesquisa

Relações entre cidade e política por meio de práticas de rua, manifestações coletivas, práticas culturais, mobilidades e habitabilidades contra-hegemônicas; experimentação de modos de “fazer-com” coletividades, em exercício permanente de (auto)crítica à colonialidade herdada no campo do projeto e abertura epistemológica a outros modos-mundos e outras cartografias agenciando corpo, território, experiência e narrativa; histórias do antropoceno e cosmopolíticas territoriais nos atravessamentos entre rural e urbano, natureza e cultura, urbanismo e ecologia.

Bibliografia fundamental

1.BISPO DOS SANTOS, Antônio. A terra dá, a terra quer. São Paulo: Ubu Editora /Piseagrama, 2023.
2.FERDINAND, Malcom. Uma ecologia decolonial: pensar a partir do mundo caribenho. São Paulo: Ubu editora, 2022.
3.RIBEIRO, Ana Clara Torres et al. Por uma cartografia da ação: pequeno ensaio de método. In: CADERNOS IPPUR Ano XV, No 2, Ago-Dez 2001 / Ano XVI, No 1, Jan-Jul 2002.
4.SIMAS, Luiz Antônio. O corpo encantado das ruas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019.
5.STENGERS, Isabelle. A proposição cosmopolítica. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil, n. 69, p. 442-464, abr. 2018.

Orientador / Co-orientador
PPDESDI Doutorado

Pensar o chão como atlas

A investigação busca levantar debates a partir da categoria chão: esgarçando, torcendo, fissurando, escavando o campo de possíveis que a categoria parece abrir. Mais do que oferecer respostas e enquadramentos definitivos, totalizantes, procura deslindar ideias de chão, reveladas através da análise de um conjunto polissêmico de materiais - obras de arquitetura, artes visuais, cidades, territórios, objetos, infraestruturas, paisagens - que reforcem seu lugar intervalar, ativador de forças e velocidades vazadas nas relações entre domínios distintos. Pensar o chão implica considerar um relevo complexo. Comumente, o chão é lido como uma superfície que acomoda os corpos e objetos atraídos pela força gravitacional, configurando-se como suporte comum a eles. Seres humanos e não-humanos coabitam esta superfície, trocando energia e intensidades entre si, mas, também, com os estratos das mais variadas densidades e materiais que sob ela repousam. Nas brechas entre este conjunto de camadas — superficiais e subsuperficiais — o chão condensa um tecido espesso onde reside a vida. A tese divide-se em três seções que configuram seus platôs: chão-atlas; chão-projeto; chão-menor. Nos platôs é feito o debate teórico-conceitual. Estes estão atravessados por ensaios textuais-visuais, denominados intervalos, nos quais são colocadas lado a lado imagens que, à primeira vista, não se aproximam por recorte temporal ou afinidade estilística, mas que podem encontrar em suas lacunas as coisas que não estão sendo buscadas. Sua arquitetura é desenhada por meio dessas três camadas que se atravessam: não há introdução, não há conclusão; tudo é desenvolvimento. Por isso mesmo, aceita expansões e retrações, fragmentações e agrupamentos. Há, no fim, algum desdobramento, uma especulação que envolve os impasses que a tese coloca e não exatamente se propõe a resolver.

24 jun 2022
Caio Carvalho Calafate
PPDESDI Mestrado

A cartografia social como ferramenta na criação de vínculo junto aos moradores de Petrópolis

Em 15 de Fevereiro de 2022, a cidade de Petrópolis foi cenário de um dos maiores desastres ambientais registrados no país, deixando mais de 3 mil desabrigados e 234 mortos (Diário de Petrópolis). Outros dois desastres de grande proporção foram os ocorridos em 1988, que atingiu o primeiro distrito, deixando 134 mortos e mais de mil desabrigados, e o que ocorreu em 2011, que atingiu toda a região serrana do estado, deixando mais de 900 mortes e 100 pessoas desaparecidas, sendo o maior impacto ocorrido na cidade de Nova Friburgo. Em Petrópolis, a região mais atingida foi o 3o Distrito, principalmente, o Vale do Cuiabá. Embora as chuvas tenham atingido o primeiro distrito como um todo, são em áreas de maior vulnerabilidade social onde percebe-se o maior impacto da tragédia. São nessas localidades onde o poder público demora mais para chegar e garantir retorno ao acesso à direitos básicos como energia elétrica e água. Segundo o site da Prefeitura de Petrópolis, até o dia 18 de Abril de 2022, foram contabilizadas 137 construções com estruturas danificadas que deveriam ser demolidas nas regiões do Alto da Serra, Quitandinha, Caxambu, São Sebastião, Chácara Flora, Siméria, Bingen, Bairro da Glória, Provisória, Mosela, Morin, Estrada da Saudade e Castelânea. Até Março de 2022, o Centro da cidade não contava com as sirenes de alerta da Defesa Civil que indicam o risco de deslizamento e, os lugares onde essas sirenes existem muitas vezes não vem acompanhado de treinamentos do que fazer em situações de emergência. O indicado é ir para um local seguro, normalmente uma escola municipal, que não é abastecida e nem preparada para receber uma grande quantidade de pessoas. Todo o alimento, roupas e kits de higiene pessoal são recebidos através de doações, porém apenas depois de acontecer o pior. De acordo com os jornais da época, o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) emitiu um alerta de chuvas fortes para a região dias antes. Este órgão foi criado após a tragédia de 2011 com intuito de monitorar e emitir alertas sobre condições meteorológicas que possam oferecer risco à população. Mesmo com a tecnologia implantada para o monitoramento meteorológico e movimentação do solo, não houve a realização de obras necessárias para evitar este tipo de tragédia. De acordo com o site do MAB, o Governo do Estado, em balanço realizado no ano de 2021 (dez anos desde a tragédia de 2011), reconheceu que um terço da verba, equivalente à R$ 500 milhões, destinada à construção de moradias, contenção de encostas e limpeza do leito dos principais rios não havia sido ainda aplicada. Este fato corrobora para o indicativo de que a vulnerabilidade e exposição das pessoas às áreas de risco aumente o impacto das chuvas num território já propenso aos deslocamentos de terra.

Ana Carolina Lopes Gomez
PPDESDI Mestrado

Cartografias do Afeto - A Quinta da Boa Vista como espaço de produção de memória coletiva

Procurando examinar as interações entre memória coletiva, espaço social, arquitetura, cartografia e design, por meio de uma análise minuciosa das relações entre o Parque da Quinta da Boa Vista e a população, a pesquisa por finalidade compreender como as práticas cartográficas e de design podem ser integradas de maneira interdisciplinar para mapear as conexões afetivas e as experiências vividas no espaço público.  Através dessa exploração, almeja-se enriquecer a compreensão da formação das identidades urbanas, culturais e sociais, promovendo diferentes abordagens na representação e interação com o ambiente construído.

Joana Berrondo
PPDESDI Mestrado

Construção de si: uma abordagem metodológica para explorar a subjetividade e imagens mediadas por meios digitais

Com o constante aumento de redes e produtos digitais centrados no compartilhamento, manipulação ou geração de imagens, faz-se necessário refletir sobre o papel da imagem mediada por dispositivos digitais na contemporaneidade, bem como o que pode ser a participação do design, enquanto disciplina, dentro desta dinâmica. É necessário para a disciplina do design, enquanto uma ciência social aplicada, ter um olhar que não se volte apenas para a técnica e a criação do artefato, mas que também se proponha a realizar uma análise crítica do seu impacto na sociedade e por consequência, na formação da subjetividade daquelas que compõem a mesma. De uma maneira mais geral, dever-se-á admitir que cada indivíduo, cada grupo social veicula seu próprio sistema de modelização da subjetividade, quer dizer, uma certa cartografia feita de demarcações cognitivas, mas também míticas, rituais, sintomatológica, a partir da qual ele se posiciona em relação aos seus afetos. suas angústias e tenta gerir suas inibições e suas pulsões.(GUATTARI, 1992, p. 21) A figura do designer também aparece em jogo, como sujeito e objeto uma vez que essa pesquisa propõe-se uma reflexão sobre seu papel e responsabilidades para com o entendimento desses meios e mídias, mas acima de tudo, em seu comprometimento com as "Práticas de si" e com as pessoas nas quais está centrando sua criação. É possível pensar em outros modos de estar nessa rede digital, produzir interfaces e influenciar comportamentos? Adota-se como ponto de partida também, a observação de que este trabalho também é atravessado pelas experiências pessoais da autora enquanto mulher, cidadã carioca e designer com anos de experiência no mercado de produtos digitais. Pretende-se também nesse processo incorporar o saber empírico e o criar em conjunto com outras pessoas. Pretende-se adotar como ponto de partida abarcar também o erro, intuição e observações informais dos participantes a serem convidados a participar do projeto. Refletiremos também sobre a atuação do designer dentro do cenário contemporâneo, com o intuito de explorar a natureza transdisciplinar do design, entendendo as potencialidades da questão: O design pode se apresentar também como uma experimentação acerca da experiência, linguagem e narrativa?

Amanda Rosetti
PPDESDI Mestrado

Em Busca da Lona: O Movimento Pendular Cultural no Rio de Janeiro

A pesquisa tem como objetivo pensar uma cartografia a partir da investigação das práticas culturais de corpos periféricos que cruzam diferentes regiões em busca de lazer na região central do Rio de Janeiro. Ao focar nesses espaços, percebe-se um grande símbolo que atrai esses grupos para as festas de ruas cariocas: as tendas de lona de circo. Assim, destaca-se a arquitetura efêmera, buscando mapear os afetos dessa cartografia. Esses espaços são cruciais para a formação de identidades e grupos, pois fomenta expressões como o samba e o funk. O estudo visa analisar essa cultura como uma ferramenta de resistência, explorando a constante transformação dos locais selecionados para estudo de caso, a fim de entender como esse símbolo, com sua presença em eventos e ausência no cotidiano, influencia o comportamento urbano e social, além de atrair pessoas de diferentes regiões do Rio de Janeiro.

Anna Carolina Madureira
PPDESDI Doutorado

O papel do designer: da combustão à compostagem

O texto aborda a iminência do colapso ambiental e social, destacando a pandemia de COVID-19 como um alerta da Terra sobre a necessidade de atenção e mudança. Apesar disso, a resposta global tem sido a manutenção do status quo e a continuidade do capitalismo. Carlos Taibo prevê que o colapso pode ocorrer nos próximos trinta anos e que, ao invés de tentar evitar o fim, é crucial imaginar futuros pós-colapso e criar refúgios habitáveis nas ruínas.

O texto critica a atual busca por uma vida confortável e consumista, contrastando com o conceito de "teko porã" dos Guarani, que valoriza a suficiência e o consumo moderado. Aponta para a ilusão de que os recursos são infinitos e que o lixo será desintegrado sem problema. A prática moderna de acúmulo e descarte gera um legado de lixo e desperdício, enquanto a visão tradicional de viver sem deixar marcas nas florestas é destacada como uma prática mais sustentável.

Além disso, o texto denuncia a exclusão e opressão sistemáticas presentes nas cidades, como o ecofascismo e a violência contra grupos marginalizados. Propõe que as respostas à crise vêm das "insurgências" que surgem dos lugares depredados, como as práticas compostivas e simpoiéticas descritas por Tsing e Haraway. O design pode desempenhar um papel crucial nesse cenário, funcionando como uma "superdecompositora" que acelera a transformação dos resíduos em novas formas de vida e possibilidades, como sugerido por Pedro Biz.

Philippe Leon Anastassakis
PPDESDI Mestrado

Produção Urbana Insurgente: Mapeando reivindicações do direito à cidade em espaços públicos na América Latina

A pesquisa tem como objetivo reconhecer a produção urbana insurgente, com foco especial nas recentes formas de apropriação dos espaços públicos. Para tal, o trabalho se concentra em modos alternativos de produzir cidades a partir de projetos de pedagogia, ocupação, requalificação e produção urbana situados no contexto sociocultural latino-americano, e na identificação de ações que privilegiem o conhecimento e as lutas de grupos marginalizados pelo planejamento urbano consolidado. Lançando mão de uma abordagem transdisciplinar, pretende-se descobrir conceitos e projetos que possam contribuir para o entendimento das práticas de reivindicação do direito à cidade no âmbito dos espaços públicos. De maneira mais direta, como a produção urbana insurgente se configura? E como (se) pode contribuir para o enfrentamento da crise das cidades? Nesse sentido, a pesquisa busca marcadores teóricos que sejam capazes de englobar (ao menos em parte) a complexidade da produção socioespacial. Dessa forma, foram trazidas para o trabalho parte da produção intelectual dos campos da filosofia, geografia, sociologia, antropologia, do design e urbanismo, numa tentativa de elucidar as relações entre espaço público, economia e sociedade do ponto de vista do direito à cidade, da insurgência e de uma dimensão ontológica do design. Um segundo tempo de pesquisa é composto pelo mapeamento de casos, revelando quais questões as práticas encontradas podem suscitar e quais conceitos e problemáticas em específico podem ser mais explorados. São considerados projetos insurgentes quando os cidadãos tomam para si o poder de transformar seus espaços de convivência, o que seria historicamente o papel do Estado. Ainda, quando se contrapõem à lógica vigente de produção, uso e conservação desses espaços. A escolha pelo olhar direcionado ao espaço público se dá por seu caráter simbólico e de projeção política, ideológica, econômica e social, como reveladores ou materializadores de pensamentos e movimentos coletivos.

 

Fabiana Duffrayer