Produção Urbana Insurgente: Mapeando reivindicações do direito à cidade em espaços públicos na América Latina
A pesquisa tem como objetivo reconhecer a produção urbana insurgente, com foco especial nas recentes formas de apropriação dos espaços públicos. Para tal, o trabalho se concentra em modos alternativos de produzir cidades a partir de projetos de pedagogia, ocupação, requalificação e produção urbana situados no contexto sociocultural latino-americano, e na identificação de ações que privilegiem o conhecimento e as lutas de grupos marginalizados pelo planejamento urbano consolidado. Lançando mão de uma abordagem transdisciplinar, pretende-se descobrir conceitos e projetos que possam contribuir para o entendimento das práticas de reivindicação do direito à cidade no âmbito dos espaços públicos. De maneira mais direta, como a produção urbana insurgente se configura? E como (se) pode contribuir para o enfrentamento da crise das cidades? Nesse sentido, a pesquisa busca marcadores teóricos que sejam capazes de englobar (ao menos em parte) a complexidade da produção socioespacial. Dessa forma, foram trazidas para o trabalho parte da produção intelectual dos campos da filosofia, geografia, sociologia, antropologia, do design e urbanismo, numa tentativa de elucidar as relações entre espaço público, economia e sociedade do ponto de vista do direito à cidade, da insurgência e de uma dimensão ontológica do design. Um segundo tempo de pesquisa é composto pelo mapeamento de casos, revelando quais questões as práticas encontradas podem suscitar e quais conceitos e problemáticas em específico podem ser mais explorados. São considerados projetos insurgentes quando os cidadãos tomam para si o poder de transformar seus espaços de convivência, o que seria historicamente o papel do Estado. Ainda, quando se contrapõem à lógica vigente de produção, uso e conservação desses espaços. A escolha pelo olhar direcionado ao espaço público se dá por seu caráter simbólico e de projeção política, ideológica, econômica e social, como reveladores ou materializadores de pensamentos e movimentos coletivos.
The research aims to recognize insurgent urban production, focusing on recent forms of appropriation of public spaces. To this end, the work focuses on alternative ways of producing cities based on pedagogy, occupation, requalification, and urban production projects located in the Latin American sociocultural context and on identifying actions that privilege marginalized groups' knowledge and struggles for consolidated urban planning. The aim is to use a transdisciplinary approach to discover concepts and projects that can contribute to understanding the practices of claiming the right to the city in the context of public spaces. More directly, how is insurgent urban production configured? And how can it contribute to tackling the crisis in cities? In this sense, the research seeks theoretical markers capable of encompassing (at least in part) the complexity of socio-spatial production. In this way, the work brought part of the intellectual production from the fields of philosophy, geography, sociology, anthropology, design, and urbanism in an attempt to elucidate the relationships between public space, economy, and society from the point of view of the right to the city, of insurgency and an ontological dimension of design. A second research stage involves mapping cases, revealing which questions the practices found may raise and which specific concepts and issues can be further explored. Projects are considered insurgent when citizens take upon themselves the power to transform their living spaces, which would historically be the role of the State, furthermore, when they oppose the current logic of production, use, and conservation of these spaces. The choice to look at public space is due to its symbolic character and political, ideological, economic, and social projection as reveals or materializers of collective thoughts and movements.