Processo seletivo

Marcelo Barbalho

Mariana de Freitas Boghossian

Mateus Marques Estevam

Memoráveis
Este projeto se propõe a documentar um pouco da nossa memória editorial carioca durante a belle époque e os costumes e hábitos da sociedade que viveu naquela época. Para isto, foi planejada, criada e desenvolvida uma animação piloto de uma série maior. Nesta animação o período considerado foi a década de 1920 e nesse espaço de tempo foi utilizada como referência e instrumento de trabalho a revista Para Todos, periódico que nasceu em 1918 e que nos anos seguintes, se tornaria um especial veículo de informação e também de divulgação do que se vivia naquela década pela população do Rio de Janeiro.

Modernidade e representação visual da mulher na primeira metade do século XX: da cocotte à violão
Com base na análise da revista A Maçã (1922-1926) e do livro Madame Pommery (1919-1920), de Hilário Tácito, foram identificadas condutas modernizadoras estabelecidas por mulheres da década de 1920, especialmente por aquelas que transitavam pela vida mundana e nos espaços de prostituição, das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. São estas condutas modernizadoras dos dois espaços urbanos que deverão ser abordadas no trabalho, evidenciando-se similaridades e dissimilitudes entre elas. A partir da identificação dessas condutas, buscaremos as suas representações na imprensa, na primeira metade do século XX e a transição da linguagem da cocotte para a mulher com traços da mulher brasileira representada na imprensa na segunda metade do século XX. Ambas as representações trazem estereótipos, os quais procuraremos identificar e discutir.

Monteiro Lobato: editor gráfico (1918-1925)
O objetivo desta dissertação é mostrar como se deu o envolvimento de Monteiro Lobato com o design gráfico enquanto editor e gestor de suas editoras: a Edições da Revista do Brasil, a Monteiro Lobato e Cia. e a Cia. Graphico-Editora Monteiro Lobato, no período de 1918 a 1925. A análise gráfica das publicações editadas por Lobato, neste intervalo, serviu como fio condutor da pesquisa. Por fim, foi feita uma descrição gráfica dos exemplares coletados, que foram produzidos no mesmo período.

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro: um epicentro do design moderno brasileiro (1948 a 1978)
O trabalho se configura como uma investigação sobre a contribuição do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro para a história do design moderno brasileiro. Desde sua fundação, a instituição teve o anseio por implementar meios de ensino e pesquisa e a vocação para a promoção e divulgação de exemplares do design moderno, se tornando um grande difusor do campo e das vanguardas que o basearam. Todas as atividades propostas com este foco tinham o intuito de educar o gosto do homem, com a ambição de sua adesão ao espírito moderno, inserido em uma sociedade que vinha sofrendo graves transformações. Dada a exiguidade de estudos publicados que englobem o tema em questão em nossa historiografia, foi fundamental cumprir o levantamento, a compilação, a organização e o exame de documentos oriundos das mais diversas fontes, sobretudo os abrigados nos arquivos do Museu, inclusive aqueles ainda não catalogados. Eles testemunham os respectivos eventos, pertencentes ao período que vai de 1948, ano da fundação da instituição, até o incêndio que a atingiu, em 1978. O recorte temporal da pesquisa coincide com as iniciativas de institucionalização do campo do design e de sua implementação enquanto disciplina no país. Por esta razão, afirma-se que as origens do design moderno brasileiro se confundem com as do MAM Rio. Comprovações diretas das ressonâncias dessas ações são escassas. Contudo, tecem-se influências radiais. Espera-se contribuir para estudos no campo para, enfim, remontar, de forma cada vez mais segura, a episódios fundamentais da história do design moderno brasileiro.

O design em lugar nenhum: uma empreitada moral de William Morris
William Morris (1834-1896), artesão-artista, escritor e ativista político inglês (para leituras contemporâneas, também um "designer"), costuma ser representado através de uma visão fragmentada desses títulos que carrega. De maneira geral, Morris aparece acompanhado de um recorte, seja baseado nas suas diferentes atividades ou nos seus diferentes ideais. Poucas são as investigações que se propõem a compreender seu trabalho a partir do seu caráter multidisciplinar (ou, ao menos, que tentem reunir tal multidisciplinaridade sob um mesmo tipo de análise, sem recorrer a fragmentações e valorações de partes da carreira de Morris diante de outras). Nesta pesquisa, buscamos desenvolver um olhar ampliado sobre a sua carreira, encontrando na ideia de "empreitada moral" um fio condutor capaz de agregar os diferentes tipos de criação e diferentes fases desse personagem histórico. Para alcançar isso, expandimos nossa percepção de design, vendo-o como um meio para criar universos e cenários de vida. Dessa forma, ele pode ser excedido para além da sua materialidade. No caso de Morris, o design costuma ser interpretado dentro dos limites da sua produção de objetos e artigos decorativos – se estendendo, no máximo, a alguns ideais que "embasam" tal produção. Neste trabalho, nosso esforço é o de borrar esses limites, nos atentando para os motes que direcionam as ações de Morris e que podem manifestar-se em qualquer uma das suas aventuras artísticas e políticas.

O Design no Circo Voador (1982 1992): os artefatos e as condições de sua realização
Nossa pesquisa tem como objetivo observar a produção de design de comunicação nos primeiros dez anos do Circo Voador, casa de espetáculos carioca fundada em 1982. Criado para ser um espaço de uma cultura de vanguarda, com ênfase na produção musical não-erudita, a escolha do período busca avaliar as condições dispostas no contexto histórico, a importância da sua formação inicial enquanto encontro de movimentos culturais até a sua consolidação como uma referência de espaço para eventos artísticos. Os artefatos de design eram produzidos em sua maioria voltados para a divulgação da programação junto ao público, com utilização efêmera. O trabalho envolveu pesquisa bibliográfica, levantamento em acervos, depoimentos dos principais designers, artistas gráficos e produtores culturais envolvidos nesta produção (os que foram localizados e se dispuseram a participar), sistematização e análise dos dados levantados. Seus objetivos foram: a) contribuir para a compreensão das dinâmicas de projeto e produção de artefatos naquele contexto; b) contribuir para o conhecimento histórico do design no Brasil.

O drama do projeto: uma teoria acional do design
A tese propõe uma nova maneira de ver o campo do design, de acordo com a qual o designing (ou projetar) é entendido como o desenrolar de uma situação dramática, constituída por diversas personagens reunidas em torno de um problema comum. A hipótese que norteia essa construção teórica é de que o design pode ser pensando não apenas como uma forma de produção, definida pela transformação material do mundo, mas também como uma forma de ação entre pessoas, de natureza efêmera. O objetivo da tese é, portanto, o de iluminar a dimensão acional do design, tendo em vista seu compromisso primordial com a criação de novas realidades. Ele atende a uma dificuldade persistente dos designers para compreender como e por que as situações criadas podem diferir das situações planejadas, considerando a imagem legada pela tradição das artes e ofícios do artista de gênio que trabalha em isolamento. Uma revisão dessa imagem tem início após a Segunda Guerra Mundial, quando grupos de arquitetos, designers e engenheiros unem-se em uma especulação comum sobre os métodos e as situações de projeto em geral. Emerge daí uma concepção do design como processo, a qual subjaz à posição atual dos profissionais de projeto frente ou dentro das organizações ou das instâncias de decisão e planejamento. Para construir esse argumento, parte-se na tese da teoria da ação de Hannah Arendt, descrita no seu livro The Human Condition (1958), e de uma problematização histórica de longo arco temporal das distinções conceituais que marcaram o surgimento do design moderno. A seguir, busca-se indícios que confirmem a hipótese em algumas das teorias que compõem, a partir dos anos 1960, o campo heterogêneo do design. Entre elas, destacam-se as de Herbert Simon, Bruce Archer, Horst Rittel e Richard Buchanan. Feito isso, extrai-se então o conceito de drama de um conjunto de teorias sobre teatro moderno, a fim de criar uma nova metáfora que explicite o projetar como uma atividade de um grupo de pessoas. Em suma, a metáfora do drama do projeto revela como uma conjunção de agentes em torno de um problema comum estabelece uma trama que determina o processo de design e, consequentemente, os seus produtos. Como modelo teórico, ela permite compreender como os agentes criam novas situações que fogem parcialmente ao seu controle e às suas expectativas. A metáfora indica ainda que a imprevisibilidade das ações vivenciada empiricamente pelos agentes é, na verdade, uma característica intrínseca ao processo de design, quando considerada a pluralidade de personagens que o constitui. Ao final da tese, discute-se, entre outras coisas, os limites teóricos dessa proposição e as suas consequências para a educação em design.

Objetos ordinários: processos históricos de exclusão e de patrimonialização do design no Brasil
A história do design possui diferentes origens, no entanto, a escolha por narrativas que privilegiem uma ou outra filiação depende do discernimento e da influência política e cultural de quem está no lugar de decisão. Uma das origens das histórias do design brasileiro, no ensino e na produção, se vincula às artes aplicadas e industriais. Contudo, as artes aplicadas no Brasil possuem uma trajetória enigmática, tanto na maior instância de preservação, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), quanto na literatura. Sem assumir a ideia de um percurso histórico linear, das artes aplicadas ao design contemporâneo, esta tese argumenta que objetos ordinários que lhes são decorrentes estão espraiados em nossa vida pessoal e na esfera coletiva, seja pela presença física ou pelas memórias a vinculadas a eles. Sob o ponto de vista da história do design, a tese analisa dois momentos em que as artes aplicadas foram postas em foco ou em xeque nos debates de âmbito educacional, de produção (industrial e da cidade) e da preservação patrimonial – o ecletismo e o modernismo. Propõe-se um convite aos designers para refletir sobre o porquê do lugar dado a esta parte da história do design brasileiro e sobre os motivos que fazem com que designers não a reconheçam como elemento da história da cultura projetiva do país.

Perfume, história e design: o papel das embalagens no mercado brasileiro de perfumaria
O presente trabalho tem por objetivo apresentar o papel do design no mercado brasileiro de perfumes. Parte-se da hipótese de que é ele o elemento fundamental para o bom desempenho desse segmento. Na medida em que ele possibilita a diferenciação entre as diversas embalagens, criando uma segmentação para o consumo nas mais diversas camadas sociais. Inicialmente será apresentado o universo do perfume, abordando seus aspectos técnicos e culturais. Uma relação de matérias primas utilizadas na indústria de perfumaria será fornecida. Seu propósito é proporcionar ao designer profissional e ao designer pesquisador uma referência visual dos elementos que compõe um perfume. Adiante, os principais aspectos da história do perfume no mercado nacional de perfumaria são destacados, bem como a mudança de paradigmas de consumo ao longo dessa trajetória. Segue-se com a apresentação das peculiaridades de um projeto de embalagens para esse segmento, destacando o perfil do designer, desse mercado e uma relação de termos técnicos. Por fim, um modelo para catalogação será apresentado e aplicado a um grupo de perfumes nacionais e internacionais. O estudo se encerra com uma análise das embalagens catalogadas, a fim de mostrar que existem diferentes soluções de design para comunicar os conceitos de um perfume.

Projetos de escola em disputa: resistências pedagógicas à implementação do design moderno no Brasil na década de 1960
A implementação do ensino do design moderno ocorreu a partir da década de 1950 no Brasil. A década seguinte foi muito promissora e fértil em ideias educacionais para a profissão porque, além das instituições acadêmicas estarem sendo postas em questão pelos estudantes no mundo todo, aqui, ainda não se havia institucionalizado o ensino de design, que se consolidaria com a regulamentação do currículo mínimo obrigatório adotado no final da década. Essa pesquisa, inserida no campo da história em design, centrou-se em 3 projetos de escolas de design que tentaram, sem sucesso, ser implementados no Brasil nesse momento: a Escola de Desenho Industrial e Artesanato, projeto da arquiteta Lina Bo Bardi inserido no Complexo do Solar do Unhão, Salvador, Bahia, de 1961-64; o Centro de Estudos Universitários do Parque Lage, em 1965, também projeto de Bo Bardi; e a paralisação de 14 meses da Escola Superior de Desenho Industrial, entre 1968-1969, uma tentativa coletiva de reforma estrutural da escola. Desenvolvendo uma abordagem decolonial sobre a história do design no Brasil, buscou-se recuperar um debate entre visões divergentes que guiaram os primeiros anos de instauração da educação e prática de design moderno no país, olhando para projetos que ofereciam alternativas ao que estava sendo consolidado como modelo de ensino. Após extensa pesquisa arquivística, como uma maneira de imaginar como essas escolas poderiam ter funcionado, já que ficaram em projeto, as fabulações especulativa e crítica (foram mobilizadas como ferramentas metodológicas.

Rafael Cardoso

Rita de Cássia da Costa Alcântara

Roberta Almeida de Freitas

Romulo do Nascimento Pereira

Thais Vieira

Thales L. Aquino

Valter Costa

Wandyr Hagge Siqueira

Yasmin Menezes
