Cozinha das tradições
A Cozinha das Tradições - ESDI é um programa de pesquisa-ação, formação e extensão em rede, que surgiu como um desdobramento XII Congresso Brasileiro de Agroecologia (XII CBA), realizado no Rio de Janeiro, em novembro de 2023. Compreende uma série de atividades – como oficinas, vivências, feiras e rodas de conversa – que giram em torno da comida como tecnologia cultural e coletiva. A cozinha se torna um espaço de experimentação da memória alimentar, onde histórias são contadas por meio da comida, integrando tradição e inovação, desenho coletivo, inclusão social e empoderamento comunitário, respondendo às ameaças advindas dos processos de industrialização quando consideradas a saúde coletiva, o cuidado com o meio ambiente e povos tradicionais.
Como ação parte do Congresso, foi realizado um mapeamento no interior do Estado, mobilizando as comunidades tradicionais que cultivam, por meio da cozinha e da alimentação, saberes associados ao plantio, ao preparo e ao cuidado. Após o mapeamento, um mutirão reuniu professores, estudantes e mestres das comunidades e povos tradicionais na construção de fornos e fogões que serviriam aos participantes do XII CBA. Como um legado, decidiu-se então formalizar a Cozinha das Tradições como um projeto de extensão ligado ao Laboratório de Design e Antropologia (LaDA).
O projeto trouxe mestras e mestres de comunidades tradicionais do Estado, valorizando seu trabalho e saber, promovendo a escuta do que eles trazem como memória de suas culturas e tecnologias de cultivo e alimentação.
A cultura alimentar é entendida como expressão cultural e tecnológica, intrinsecamente ligada aos modos de vida e à história pulsante dos povos, enquanto o design envolve o planejamento e a produção da materialização de melhores condições de vida para os habitantes do planeta. No cruzamento dessas duas perspectivas, a Cozinha das Tradições é um ambiente de vivências experimentais, no qual se exploram as intersecções entre o design e a vida, ajudando a pensar um design capaz de escapar ao senso imediatista de desenvolvimento a qualquer custo do capitalismo tardio. A valorização dos saberes, fazeres e tecnologias culinárias das populações das favelas, povos e comunidades tradicionais e camponeses contribui para preservar e promover diversidade cultural e tecnológica. Essa valorização fortalece os laços comunitários, promove o orgulho cultural e estimula a troca de conhecimentos entre diferentes grupos étnicos e sociais.
A Cozinha das Tradições se alinha às investigações da Linha de Pesquisa TISH, principalmente na concepção de desenho coletivo, praticado de forma participativa, com uma perspectiva social. A Cozinha das Tradições possibilitou um contato com a sociedade para além dos muros da universidade, aproximando a ESDI dos mundos indígenas, quilombolas e de terreiros. Compreende assim a dimensão das tecnologias sociais, articulando os conhecimentos de design e antropologia, por meio de metodologias participativas e colaborativas, reunindo uma série de dispositivos para facilitar o fazer colaborativo entre atores distintos, tais como professores e estudantes da UERJ, e membros de comunidades e povos tradicionais.
Para saber mais, acesse:
https://www.instagram.com/cozinhadastradicoes.esdi/