Narrativas Sensíveis: mapeando territórios e afetos em Petrópolis - RJ
Em constante transformação, a cidade não se limita apenas à materialidade construída, uma vez que carrega em cada fragmento marcas do tempo, vivências e afetos compartilhados. Como uma narrativa, ela é tecido por vozes diversas, sobreposições de tempos e afetos, compondo uma trama em constante reescrita. Neste contexto, o sensível atua como tinta invisível feita de memórias, cheiros, sons e impressões do cotidiano que contorna os limites da materialidade e revela camadas sutis da experiência urbana. Reconhecer os aspectos intangíveis constituintes da cidade é fundamental para compreender sua complexidade, demandas e direcionar intervenções espaciais. Mais que compor o meio físico, a justaposição de construções antigas e contemporâneas revela não apenas a dimensão histórica, mas também os afetos que permanecem no cotidiano urbano. Nesse cenário, o mapeamento se transforma em ferramenta de escuta e tradução do sensível. Mapear, aqui, não é apenas localizar, mas decifrar marcas silenciosas, tornando visível o que normalmente escapa aos mapas tradicionais, registrando impressões, narrativas, afetos e memórias: é propor uma nova forma de olhar para o território a partir da valorização do vivido, do sensível e do coletivo. A estética dos espaços públicos, a arquitetura e a paisagem também participam dessa construção de sentido, não só como formas visuais, mas como parte da atmosfera da cidade capazes de provocar, acolher, ativar memórias e mobilizar afetos. Ao considerar a inter-relação entre visível e invisível que molda o meio urbano, este projeto explora a cidade para além do meio físico, com a participação comunitária ativa se consagra como essencial na construção de seu mapeamento. Além de enriquecer a compreensão da cidade, esta abordagem traz uma visão mais contemporânea ao planejamento urbano, valorizando a inclusão, sustentabilidade e o significado coletivo.