--gray-1
--gray-2
--gray-3
--gray-4
--gray-5
--red-1
--red-2
--red-3
--red-4
--red-5
--yellow-1
--yellow-2
--yellow-3
--yellow-4
--yellow-5
--green-1
--green-2
--green-3
--green-4
--green-5
--blue-1
--blue-2
--blue-3
--blue-4
--blue-5
--purple-1
--purple-2
--purple-3
--purple-4
--purple-5
PPDESDI Mestrado

Lixar, cavar e narrar: um mundo possível no Memorial J. Borges

Resumo

J. Borges – xilógrafo e cordelista pernambucano – criou, ao longo de 5 décadas de carreira, um vasto universo de imagens e narrativas. Suas obras se espalham pelo Brasil e pelo mundo e reafirmam a importância dos cordéis e xilogravuras para a cultura popular brasileira. Estas duas formas de expressão são consideradas os principais registros das crenças e valores sertanejos brasileiros dos últimos séculos (FERREIRA e outros, 2006). Portanto, J. Borges é um grande aliado para refletir sobre o nosso país e nossos costumes. Depois de trabalhar como vendedor de cordel, J. Borges começou a escrever e ilustrar os próprios folhetos na década de 1960. E, a partir da década seguinte, observou-se que as xilogravuras, antes restritas às capas de cordel, passaram a ser produzidas em dimensões maiores. Dessa maneira, as imagens ganharam cores e riqueza de detalhes. Sem abandonar os temas sobre a vida rural do sertão e o imaginário popular brasileiro, J. Borges foi um dos artistas que participou desta transição. Hoje, ele é uma das maiores referências na xilogravura popular brasileira, propagando seu estilo e compartilhando o seu processo de produção com as novas gerações. Dessa forma, abordar a técnica e conhecimentos do artista é uma maneira de contribuir para a pluralização da história do design brasileiro. Durante uma semana, em outubro de 2021, acompanhei a produção das xilogravuras de J. Borges in loco, no Memorial J. Borges, localizado na cidade de Bezerros, Pernambuco. A pesquisa de campo revelou a manutenção do processo artesanal na produção das gravuras do artista. E constatou-se o uso de uma série de soluções inventivas, incluindo objetos adaptados, criados e ressignificados, além da marcante participação da equipe que, junto com o artista, produz xilogravuras e mantém o Memorial vivo. Portanto, essa dissertação traz uma narrativa sobre um mundo observado e vivenciado no Memorial J. Borges; um espaço que produz imagens, sons, cheiros e relações; e que afeta, ao mesmo tempo que é afetado pelo trabalho do artista. O Memorial é a atual oficina, loja, galeria e moradia do artista que, aos 86 anos de idade,continua produzindo xilogravuras que nos contam sobre o Brasil, e compartilhando suas memórias, casos e histórias. Finalmente, compreendemos que o processo de produção de J.Borges é uma forma possível de produção e reprodução de imagens, narrativas e significados. Este processo resulta em uma obra que insiste em falar do Brasil através de uma estética e linguagem que refletem um aspecto significativo da nossa realidade e caracterizam um segmento importante da nossa cultura. E por isso os aprendizados sobre o artista se mostraram relevantes para o design brasileiro, como referência histórica e estética e como inspiração para olharmos para dentro do país.

Resumo (Inglês)

J. Borges – woodcutter and cordel writer from Pernambuco – has created, over a 5- decade career, a vast universe of images and narratives. His works spread throughout Brazil and the world and reaffirm the importance of cordel literature and woodcuts for Brazilian popular culture. These two forms of expression are considered the main records of the beliefs and values of Brazilian sertanejos in recent centuries (FERREIRA et al., 2006). Therefore, J. Borges is a great ally to reflect on our country and our mores. After working as a cordel salesman, J. Borges began writing and illustrating his own leaflets in the 1960s. And, from the following decade, it was observed that woodcuts, previously restricted to cordel covers, began to be produced in larger formats. This way, the images gained color and richness of detail. Without abandoning the themes of rural life in the hinterland and the Brazilian popular imagination, J. Borges was one of the artists who took part in this transition. Today, he is one of the greatest references in popular Brazilian woodcuts, propagating his style and sharing his production process with new generations. In that way, approaching the artist's technique and knowledge is a means of contributing to the pluralization of the history of Brazilian design. For a week, in October 2021, I accompanied the production of woodcuts by J. Borges in loco, at the J. Borges Memorial, located in the city of Bezerros, Pernambuco. The field research revealed the maintenance of the artisanal process in the production of the artist's engravings. And the use of a series of inventive solutions was verified, including adapted, created and re-signified objects, in addition to the remarkable participation of the team that, together with the artist, produces woodcuts and keeps the Memorial alive. Therefore, this dissertation brings a narrative about a world observed and experienced at the Memorial J. Borges; a space that produces images, sounds, smells and relationships; affecting and at the same time being affected by the artist's work. The Memorial is the current workshop, store, gallery and home of the artist who, at the age of 86, continues to produce woodcuts that tell us about Brazil, and share his memories, cases and stories. Finally, we understand that J. Borges' production process is a possible way of producing and reproducing images, narratives and meanings. This process results in a work that insists on talking about Brazil through an aesthetic and language that reflect a significant part of our reality and characterize an important segment of our culture. And that's why learning about the artist proved to be relevant to Brazilian design, as a historical and aesthetic reference and as inspiration to look inside the country.