Guilherme Silva da Cunha Lima
Possui graduação em Desenho Industrial / Programação Visual pela Universidade Federal de Pernambuco (1979) e doutorado em Design Gráfico - University of Reading (1993). Foi professor da ESDI/UERJ de 1997 a 2015. Coordenou a implantação do PPDESDI Programa de Pós Graduação em Design da ESDI/UERJ, que iniciou suas atividades em 2005. Foi duas vezes coordenador do PPD. Consultor da CAPES, do INEP e do CNPq, onde foi pesquisador bolsista 1D, tendo sido membro do Comitê Assessor de Design (2006-2009). Tem experiência na área de Desenho Industrial, com ênfase em Programação Visual, atuando principalmente nos seguintes temas: design gráfico, design editorial, tipografia, história do design brasileiro, memória gráfica brasileira.
Antes do biquíni: evolução do traje de banho feminina no Rio de Janeiro sob a perspectiva do design (1808-1946)
Este trabalho trata da evolução da roupa de banho feminina na cidade do Rio de Janeiro sob a perspectiva do design, com ênfase em aspectos da cultura e da tecnologia têxtil das fibras elastoméricas, considerando suas implicações para o desenvolvimento destas peças de vestuário. Para isso, foram utilizadas técnicas de revisão bibliográfica, análise de fotografias e, principalmente, de periódicos de época, em sua maioria, disponíveis na hemeroteca digital do site da Biblioteca Nacional. O Brasil é o maior mercado consumidor de moda praia do mundo e sua demanda interna é quase totalmente atendida pela industrial nacional. A opção por abordar o traje de banho feminino se baseia na representatividade deste público no conjunto do mercado consumidor. O período de tempo analisado inicia em 1808, ano em que a família real portuguesa se instala no Rio de Janeiro, impulsionando a difusão da moda e da prática do banho de mar terapêutico na cidade, e se encerra em 1946, ano em que o biquíni é lançado na França. A circunscrição ao território do Rio de Janeiro se apoia em dois fatores: a relevância política, econômica e cultural da cidade para o país e sua identidade cultural, marcadamente cosmopolita e praiana, simbolizada pela Zona Sul carioca. As mudanças observadas resultam de aspectos culturais e relativos à evolução da tecnologia têxtil, em espacial daqueles que influenciaram a redução das roupas de banho e o aumento de sua elasticidade e aderência ao corpo. Este estudo contribui para preencher uma lacuna em pesquisas sobre as características de um mercado tão significativo no Brasil.
O Design de Victor Burton
Victor Burton é um designer que dedicou a maior parte do seu trabalho ao livro. A fascinação por este objeto começou ainda na infância devido ao contato com as obras raras da biblioteca da família, o que aguçou o desejo de se tornar designer exclusivamente para projetar livros. Sua atuação no mercado editorial brasileiro começou no final dos anos 1970, na editora Confraria dos Amigos do Livro. Como o maior interesse de Victor no livro é a relação entre texto e imagem, os livros iconográficos se tornaram seu principal objetivo e são nos livros desta natureza onde melhor conseguimos visualizar seu estilo. Victor desenvolveu uma linguagem gráfica própria que redefiniu o padrão do mercado editorial brasileiro. Numa época em que o projeto gráfico, principalmente a capa do livro, entre tantas cores e atrativos disputam a atenção do consumidor nas prateleiras das livrarias, já não é tão fácil identificar nem a editora nem a autoria do projeto gráfico e da capa. Entretanto, os livros de Victor Burton possuem um estilo que nos permite reconhecer sua assinatura. Desta forma, a questão que norteou este trabalho foi “por que conseguimos identificar os livros do designer Victor Burton?” Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi enumerar e identificar os aspectos gráficos que caracterizam o estilo deste designer nos livros iconográficos. Para isso, nos baseamos no método descritivo desenvolvido por Guilherme Cunha Lima, em O Gráfico Amador. A partir das características levantadas, pudemos identificar os principais elementos que nos permite reconhecer a autoria dos trabalhos desenvolvidos por Victor Burton. O uso desses aspectos gráficos reflete o trabalho meticuloso do designer Victor Burton que consegue criar uma narrativa visual auxiliando a leitura do texto através de uma nova leitura gráfica, sobretudo nos livros iconográficos.