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Teses e Dissertações

311 itens encontrados
a-z crono
PPDESDI Doutorado

Estética afrodiaspórica: resistência e luta do vestir político

“Estética afrodiaspórica: resistência e luta do vestir político” busca expor a importância do processo de letramento racial para a construção de uma estética enegrecidamente confortável para os povos negros brasileiros e combativa para a branquitude brasileira. Por meio das vivências narradas por mim e pelos relatos dos diferentes negros que atravessam esta pesquisa, objetiva-se compreender o processo de entendimento da negritude, seu lugar político, a necessidade de luta para manutenção de uma imagem positiva de ser negro no país e como a estética tem um papel importante na assinatura da ocupação do negro em diferentes locais de poder. A tese também considera o design, a partir da moda, como fator importante para materialização de uma estética afrocentrada, para produção de artefatos, indumentárias, adornos em geral, que possibilitem a negros contemporâneos a assinatura de sua ancestralidade por meio do corpo, sem estigmas. Neste sentido, o trabalho evidencia as tensões políticas de raça, desde a colonização, passando pelos resultados atuais e sintomas da escravidão, até os dias atuais, com olhares e pensamentos decoloniais, políticos e firmes, que colocam os negros assinando sua estética em espaços de poder distintos, sem que isso o coloque em lugar de desprestígio.

30 mai 2023
Nilmar Figueiredo de Souza
PPDESDI Mestrado

Projetando práticas de ensino-aprendizagem: o design no cotidiano, ação e reflexão do professor da educação básica

Alguns autores do Brasil e do exterior já traçaram os caminhos costurando Design e Educação, assim como algumas escolas já adotam o design, seja como metodologia – de forma que sirva para os professores elaborarem suas aulas – ou como componente curricular – em forma de projeto no qual os alunos sejam envolvidos. Fala-se, nesta dissertação, entretanto, não do designer especialista/profissional designer na escola, mas do professor designer de práticas de ensino-aprendizagem, ou seja, do design como processo de pensamento e desenvolvimento de atividades e gerenciamento de espaços. A partir de uma pesquisa bibliográfica e uma entrevista com 6 professores da educação básica da rede pública, conceitua-se o design como processo de pensamento, e investiga-se se a premissa de que o design é inerente à todo ser humano, e neste caso, a todos os professores.

12 mai 2023
Justine Noronha Hack
PPDESDI Mestrado

Florescer nas frestas: continuidades entre agroecologia e design

O design, enquanto campo de produção de conhecimento e materialidade, contribuiu de muitas formas para um estado de colapso ambiental em âmbito global que ameaça as possibilidades de futuro da humanidade. Por outro lado, estando aberto para ser reformulado, este também pode assumir o papel de colaborador em processos de regeneração de habitabilidades locais, sendo redirecionado no sentido de uma prática mais sensível e cuidadosa para com a manutenção da vida. O que se propõe com essa pesquisa é buscar entender os possíveis entrelaçamentos entre agroecologia e design enquanto habilidade de resposta a tal conjuntura de crise sistêmica. Para isso, a partir do campo do Design Anthropology, foram investigadas as dinâmicas de associações multiespécies em sistemas agroflorestais no contexto do assentamento da reforma agrária do MST Mário Lago, na cidade de Ribeirão Preto - SP. Tecendo diálogos entre design, ecologia e antropologia, procurou-se vislumbrar a colaboração entre humanos e não humanos, a fim de compreender as potencialidades desses atravessamentos na reinvencão do campo do design no sentido do cuidado da vida. Observando como formas de vida florescem e se atravessam em meio às ruínas do Antropoceno, o design se torna uma ótica de investigação assim como um aprendiz dessas relações multiespecíficas que, aliado à agroecologia, pode contribuir no processo regenerativo de habitabilidades que simultaneamente produzem de comida, biodiversidade, florestas e culturas.

28 abr 2023
Giulia Cezini Bulhões Cahét
PPDESDI Doutorado

Ler, entender e participar: uma proposta de comunicação colaborativa do IBGE com o cidadão

 A presente tese de doutorado trata da relação de colaboração cidadã com a comunicação pública. Partiu-se da hipótese de que a criação de um sistema colaborativo no setor público, a ser desenvolvido com ferramentas de Design, através da participação do cidadão, possibilitaria aprofundar o sentimento de cidadania, ampliar a democratização da informação e apresentar uma visão mais ampla da sociedade. Acredita-se que, no âmbito do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), seria possível obter informações diferentes das levantadas nas pesquisas em campo da instituição. Importante notar que os campos do Design e Jornalismo atuam em conjunto nos processos de comunicação no IBGE, podendo ser vistos como fatores de inovação no setor público. A metodologia de pesquisa utilizada foi o Modelo de Pesquisa em Design de Illinois, além de revisão exploratória e sistemática de literatura e entrevistas. No começo da pesquisa, foi identificado a inexistência no Governo, até então, de um sistema de via de mão dupla de colaboração com o cidadão, por essa razão foi proposto o modelo denominado G2C2G2S (Governo-cidadão-governo-sociedade). Foi verificado que o cidadão tem interesse em colaborar, que entende a importância disso para a sociedade e que se sente valorizado com isso. Também foram encontradas evidências de que a colaboração cidadã pode ser um fator de fortalecimento da democracia. A partir do modelo G2C2G2S e das diretrizes estabelecidas, foram elaboradas orientações para a criação de sistemas colaborativos para o setor público, denominado Sistema COLAB de Comunicação do IBGE. A relevância desse tema remete à cidadania e democracia, bem como ao uso do design para a inovação. O caráter original da pesquisa, nesse contexto, advém da constatação de que os institutos de estatística - exceto o IBGE e o Instituto Nacional de Estatística do Chile (INE) - não estimulam práticas colaborativas nem de participação cidadã. Por fim, não se deve esquecer que o cidadão deve estar sempre no centro da atenção dos governos, pois ele é o principal usuário dos serviços públicos.

24 abr 2023
Helga Szpiz
PPDESDI Doutorado

Design de interfaces de pesquisa de plataformas de acervos culturais digitais: um conjunto de recomendações de UX

A disponibilização de acervos culturais de bibliotecas, arquivos e museus em plataformas no ambiente digital democratiza o acesso ao conteúdo e apresenta diversas vantagens, como a consulta aos documentos por vários usuários ao mesmo tempo e sem restrições geográficas. Entretanto, os usuários são expostos a um processo de busca pela informação, que pode ser dificultado, quando não possuem domínio de conhecimento sobre os acervos culturais ou as ferramentas de acesso, da mesma forma que os profissionais da área e o público especializado. O envolvimento do usuário com a plataforma interfere no acesso e por conseguinte na fruição e nouso dos acervos. Desta forma, é necessário o direcionamento com foco no usuário, o que acaba por exigir que os projetos e melhorias das plataformas digitais sejam empreendidos levando-se em conta, além das questões tecnológicas e da organização da informação, o engajamento dos usuários e a compreensão do que é importante para eles. A partir do exposto, portanto, entende-se que estas plataformas requerem qualidades próprias e neste sentido, o presente estudo teve por objetivo configurar recomendações projetuais para o desenvolvimento de interfaces de pesquisa de plataformas de acesso a acervos culturais de instituições de memória, com foco na experiência do usuário não especialista, tendo em vista relações entre os escopos do Design, do patrimônio cultural e da busca digital de informações. Como abordagem metodológica, foi utilizado o estudo de caso associado a Design Science Research, constituída de quatro fases: compreensão, proposição, avaliação e conclusão. Como resultado, obteve-se um conjunto configurado, organizado e validado em onze categorias e trinta e duas recomendações projetuais, a partir da literatura científica sobre o tema, da análise de como plataformas de referência possibilitam a busca e recuperação da informação e da escuta do ponto de vista de especialistas em acervos e do público não especialista. Como contributos adicionais figuram: a relação dos fatores que afetam a experiência do usuário, o método e o modelo descritivo para o desenvolvimento de personas e as personas representativas de usuários reais dos acervos culturais da Fiocruz. Acredita-se que este conjunto de recomendaçõespossa contribuir para o aprimoramento dos produtos digitais que são seu objeto de estudo, a partir de uma visão global e estruturada deste tipo de artefato e que possa ser utilizado pelas instituições culturais no embasamento da tomada de decisão em seus projetos de difusão de acervos no meio digital. No âmbito acadêmico, espera-se contribuir com a literatura sobre design de experiência no contexto do patrimônio cultural no meio digital. Este é um tema recente, socialmente relevante, que vem sendo debatido dentro das instituições culturais e que ainda carece de estudos, que fomentem a discussão sobre a importância de entender o modelo mental dos usuários, que agora convivem com um mundo cada vez mais digital e virtual.

14 abr 2023
Cláudia Souza e Silva
PPDESDI Mestrado

Lixar, cavar e narrar: um mundo possível no Memorial J. Borges

J. Borges – xilógrafo e cordelista pernambucano – criou, ao longo de 5 décadas de carreira, um vasto universo de imagens e narrativas. Suas obras se espalham pelo Brasil e pelo mundo e reafirmam a importância dos cordéis e xilogravuras para a cultura popular brasileira. Estas duas formas de expressão são consideradas os principais registros das crenças e valores sertanejos brasileiros dos últimos séculos (FERREIRA e outros, 2006). Portanto, J. Borges é um grande aliado para refletir sobre o nosso país e nossos costumes. Depois de trabalhar como vendedor de cordel, J. Borges começou a escrever e ilustrar os próprios folhetos na década de 1960. E, a partir da década seguinte, observou-se que as xilogravuras, antes restritas às capas de cordel, passaram a ser produzidas em dimensões maiores. Dessa maneira, as imagens ganharam cores e riqueza de detalhes. Sem abandonar os temas sobre a vida rural do sertão e o imaginário popular brasileiro, J. Borges foi um dos artistas que participou desta transição. Hoje, ele é uma das maiores referências na xilogravura popular brasileira, propagando seu estilo e compartilhando o seu processo de produção com as novas gerações. Dessa forma, abordar a técnica e conhecimentos do artista é uma maneira de contribuir para a pluralização da história do design brasileiro. Durante uma semana, em outubro de 2021, acompanhei a produção das xilogravuras de J. Borges in loco, no Memorial J. Borges, localizado na cidade de Bezerros, Pernambuco. A pesquisa de campo revelou a manutenção do processo artesanal na produção das gravuras do artista. E constatou-se o uso de uma série de soluções inventivas, incluindo objetos adaptados, criados e ressignificados, além da marcante participação da equipe que, junto com o artista, produz xilogravuras e mantém o Memorial vivo. Portanto, essa dissertação traz uma narrativa sobre um mundo observado e vivenciado no Memorial J. Borges; um espaço que produz imagens, sons, cheiros e relações; e que afeta, ao mesmo tempo que é afetado pelo trabalho do artista. O Memorial é a atual oficina, loja, galeria e moradia do artista que, aos 86 anos de idade,continua produzindo xilogravuras que nos contam sobre o Brasil, e compartilhando suas memórias, casos e histórias. Finalmente, compreendemos que o processo de produção de J.Borges é uma forma possível de produção e reprodução de imagens, narrativas e significados. Este processo resulta em uma obra que insiste em falar do Brasil através de uma estética e linguagem que refletem um aspecto significativo da nossa realidade e caracterizam um segmento importante da nossa cultura. E por isso os aprendizados sobre o artista se mostraram relevantes para o design brasileiro, como referência histórica e estética e como inspiração para olharmos para dentro do país.

03 abr 2023
Ana Melo Quintslr
PPDESDI Mestrado

O papel do designer na cultura do DIY e sua atuação em espaços maker no Rio de Janeiro

O Do It Yourself é um movimento que ganhou força nos Estados Unidos, mas que tem raízes muito mais antigas, como o sloyd na Suécia em 1860. Esse movimento, que chegou ao Brasil há poucos anos, trouxe consigo novos modelos de negócios. Um deles é o compartilhamento de oficinas e cursos práticos, como o de marcenaria com enfoque no público hobbista, realizados nos locais conhecidos como espaços maker. No atual cenário de desindustrialização e de crises econômicas, o surgimento desses espaços abre portas para designers que desejam desenvolver peças autorais e trabalhar atuando diretamente com a produção artesanal de suas peças em pequenos e médios lotes. O principal objetivo deste trabalho é observar e mapear os avanços do campo do design de produto dentro dos espaços maker no contexto da cultura DIY na cidade do Rio de Janeiro, identificando as formas de atuação e as contribuições tanto para os prossumidores quanto para os próprios designers. Por meio de uma série de entrevistas com designers residentes nestes locais, foi possível observar os modos de atuação de cada um dentro do espaço, analisando seus históricos de vida e suas escolhas profissionais. Nessa pesquisa,foram entrevistadas quinze designers, formais e informais. Na amostra, foi percebida uma baixa adesão de designers formais atuando como residentes nos locais pesquisados, o que pode estar relacionado à baixa divulgação da existência destes locais para trabalho e ao ensino de design com pouco incentivo no desenvolvimento de habilidades manuais práticas.

03 abr 2023
Erick Teixeira de Araujo
PPDESDI Mestrado

A revista O Tico-tico: uma análise gráfica da infância no Brasil em 1905, 1923, 1941 e 1955

A presente dissertação tem como principal objetivo analisar as transformações de ordem visual, semântica e retórica na revista O Tico-tico (1905-1962), a fim de compreender os valores morais projetados para a infância em quatro fases da publicação, em 1905, 1923, 1941 e 1955. Ao longo de sua extensa existência, O Tico tico, um dos primeiros periódicos nacionais voltados para o público infantil, configurou se como um importante veículo de comunicação, sempre alinhado com conteúdos escolares e com o propósito de formação moral da sociedade brasileira em um momento de busca por projetos de identidade nacional. De maneira consistente, reafirmou o objetivo tríplice instaurado desde o lançamento, o de instruir, distrair e formar os jovens brasileiros. Ao longo de mais de cinco décadas, a revista se comunicou com o público infantil de maneira carismática e pioneira, reproduzindo em seus personagens, contos e seções arquétipos tipicamente brasileiros e reafirmando uma determinada visão de infância. Na presente pesquisa serão explorados os recursos visuais, como diagramação, tipografia, ilustração, composição, além de aspectos narrativos, a fim de compreender sob o ponto de vista do design gráfico o posicionamento moralizante e pedagógico da revista O Tico-tico. E, desta forma, estabelecer os códigos visuais projetados sobre a infância, para o público da revista em quatro fases editoriais pivotais. Esta dissertação se insere nas áreas de história do design brasileiro e memória gráfica.

31 mar 2023
Paula de Castro Robinson
PPDESDI Doutorado

DeSIG: um método para o design de serviços intrinsecamente gamificados

Esta tese trata da pesquisa, desenvolvimento e testagem de um novo método para o design de serviços intrinsecamente gamificados: o DeSIG (acrônimo de Design de Serviços Intrinsecamente Gamificados). O método, portanto, serve ao desenvolvimento de serviços que tenham a gamificação como uma característica essencial, projetada, já de partida, como parte integrada do serviço. O DeSIG visa preencher uma lacuna observada no campo da gamificação, aplicada aos serviços, que sugere uma demanda por métodos multivalentes, sistemáticos e validados de gamificação. Para se posicionar nesse espaço, o DeSIG foi desenvolvido de modo a utilizar, no design de um serviço, recursos de game design e design de serviços conjuntamente, com o primeiro focado no design de processos e experiências gamificadas e o segundo na análise das necessidades e objetivos dos serviços, assim como também no design do próprio serviço em si. O processo de desenvolvimento do método foi, em sua maior parte, abdutivo, e estruturado através da metodologia Design Science Research. A estrutura de pesquisa e desenvolvimento do DeSIG pode ser resumida em seis partes: (1) mapeamento de métodos e metodologias de gamificação, contextualizando a pesquisa dentro do estado da arte do campo e mapeando métodos e artefatos de gamificação capazes de contribuir com a proposta de desenvolvimento do método; (2) mapeamento de conceitos de game design e elementos de gamificação, sistematizando-os em um conjunto de três ferramentas de gamificação; (3) mapeamento de métodos e ferramentas de design de serviços, para utilização no desenvolvimento e aplicação do DeSIG; (4) montagem do método propriamente dito, utilizando os recursos de design de serviços e gamificação coletados; (5) testagem do método através de seu uso, com alunos universitários; (6) reflexão sobre os resultados de todo o processo. Os dados e feedback coletados apontaram possíveis aperfeiçoamentos e confirmaram o potencial do DeSIG como método de design de serviços intrinsecamente gamificados.

31 mar 2023
Sol Pinheiro Klapztein
PPDESDI Mestrado

Guerra cultural e visualidade: Uma análise da retórica das redes sociais na crise brasileira entre 2013 e 2018

Na última década, o Brasil viveu uma crise democrática, num contexto de ascensão da extrema-direita em todo o mundo. Esse processo se deu com o protagonismo da internet e das redes sociais, palcos de disputas ideológicas que influenciaram eleições e a história política de diversos países. O ativismo político online passa por uma guerra nos campos da visualidade e das retóricas visuais, onde se disputa a atenção dos usuários e se desafia o design das redes em busca de audiência e engajamento. Os protestos de rua de junho de 2013 são vistos por muitos como o estopim da crise democrática brasileira, num processo de retirada do governo petista de centro-esquerda, culminando numa ascensão da extrema-direita, com a eleição de Jair Bolsonaro em 2018. Esse é um recorte da história política do Brasil com influência direta da guerra de visualidade nas redes. A presente dissertação busca investigar dois fenômenos que demarcam esse período como forma de observar a transição de um sistema para o outro. Ao nos debruçarmos sobre a Mídia NINJA – coletivo de comunicação independente que surgiu no fervor dos protestos de Junho de 2013 – e sobre youtubers bolsonaristas, influenciadores digitais de extrema-direita importantes para a eleição de Jair Bolsonaro em 2018 – podemos observar a centralidade que os aspectos visuais da internet assumem numa disputa de narrativas que sai da web e ganha as ruas e as urnas. Foram realizadas análises de retórica visual, assim como análises de retórica da interação das principais redes sociais utilizadas por cada grupo. Além disso, foram realizadas contextualizações sobre a relação entre política e internet no Brasil e sobre a guerra de visualidade no contexto da internet.

27 mar 2023
Vinícius Franco
PPDESDI Mestrado

Mapeamento de problemas conhecidos e desconhecidos conhecíveis e correlações com possíveis perdas, no uso de Design System por empresas do privadas no Brasil

A crescente adoção de produtos digitais em todo o mundo acelerou a chamada Revolução Digital (MAXIMIANO, 2017), em que as pessoas realizam a maioria de suas tarefas diárias usando tecnologia conectada à internet, seja para uso profissional, bancário, transporte ou consumo de conteúdo. Como resultado, as empresas devem constantemente melhorar sua experiência do usuário para reter clientes na era digital (NORMAN, 2013; NIELSEN, 1999). Os Design Systems (DS) tornaram-se obrigatórios para empresas que buscam competitividade (FROST, 2016; KHOLMATOVA, 2017). O uso de DS segue os princípios da linha de montagem de Henry Ford (FROST, 2016), usando peças padronizadas e componentes intercambiáveis que podem ser montados em qualquer sistema ou produto (FROST, 2016). A convergência entre consistência e eficiência na busca por melhores experiências do usuário e diferenciação da concorrência naturalmente cria uma vantagem competitiva (PORTER, 1985). No entanto, a falta de uma definição única de DS (KHOLMATOVA, 2017) levou as empresas a interpretar métodos empíricos (DELEUZE 1953) de como implementar, operar e evoluir seus processos operacionais, táticos e estratégicos (MALLACH, 2020) e tipos de decisões (MINTZBERG, 1976). Como resultado, é desafiador provar o valor de uma operação de DS, levando a um declínio que resulta em baixo investimento, baixa adoção, baixa maturidade do sistema e tecnologias desatualizadas (GARTNER, 2000). Para sobreviver na era digital, as empresas devem oferecer seus produtos e serviços em canais digitais. Portanto, é obrigatório mapear problemas em todos os níveis de uma operação de DS que levem a perdas (TVERSKY e KANHEMAN, 1976), provando que a expectativa gerada em torno do assunto cai em desilusão (GARTNER, 2000) quando as empresas decidem investir em DS. Os dados analisados (FREIRE, 2021) nesta pesquisa demonstram que empresas que alcançam algum nível de maturidade (INVISION, 2018), mesmo que empírico, superam a descrença da liderança e seguem um prognóstico favorável. Por fim, é essencial enfatizar a importância de analisar um Design System como uma unidade produtiva do negócio para empresas, dando a mesma importância que elas dão à eficiência de suas fábricas, armazéns, processos logísticos e unidades físicas.

21 mar 2023
Douglas Zordan
PPDESDI Mestrado

Design Abjeto: o queer eu tenho a ver com isso?

 Este trabalho de pesquisa tem a intenção de investigar práticas no campo de design que colaboram com o apagamento e abjeção de corpos dissidentes e desobedientes, trazendo como limite um recorte a pessoas trans, travestis e não binárias. Aqui venho desvelar como a cisheteronormatividade constituída por instituições de poder como o Estado, a Igreja, a Escola e a Família, que decidem quais corpos podem ocupar os espaços da sociedade, além de fortalecer a ideia de corpos ditos naturais, da binaridade de gênero entre homem e mulher, ditando também como esses corpos binários devem se relacionar sexualmente. A partir disto, percorrerei por situações em que o design reforça essas regras normatizadoras, a fim de queerizar essas práticas para que sejam desnaturalizadas, apresentando e apontando caminhos para utilizarmos essa ferramenta de forma a abarcar todos os corpos e suas performances como uma validade de existência. A pesquisa será abordada frente a três eixos estruturantes, relatos autobiográficos, abordagem do campo dos estudos de gênero e do campo de design.

20 mar 2023
Grassine
PPDESDI Doutorado

Esdi de cota: experiências de alunos cotistas em uma escola de design

Esdi de cota: experiências de alunos cotistas em uma escola de design”, objetiva expor, através do relato de alunos e ex-alunos da Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi/UERJ), por quais transformações o ensino e o campo do design passam com o estabelecimento das políticas de cotas, principalmente no que se refere às relações de raça, classe e territorialidade. A tese também leva em consideração as narrativas ligadas ao pioneirismo do ensino de design no Brasil em Nível Superior, ligado à fundação da Esdi, e o estabelecimento pioneiro da política de cotas na UERJ, Universidade à qual a Escola está vinculada. Neste sentido, o trabalho chama atenção para tensões relativas ao ensino de design, estreitamente atrelado a uma narrativa estética hegemônica e eurocentrada, e as contradições apresentadas por uma sala de aula diversa em experiências e territorialidades.

15 fev 2023
Imaíra Portela de Araújo Medeiros
PPDESDI Mestrado

O design na obra de Enrique Dussel

Neste trabalho, buscamos partilhar reflexões com aqueles que têm refletido o design baseado em cosmovisões e saberes múltiplos, desde a América Latina. Compartilhamos com eles questões como: é possível ‘reorientar’ o design para a superação das crises ecológicas e sociais? É possível projetar desde outros marcos interpretativos e experiências de mundo diversas? Esses questionamentos se somam a de pesquisadores e praticantes de design que têm refletido sobre as consequências das práticas da disciplina e buscado novos modelos de atuação para ela (DUNNE, RABBY, 2013; MALPASS, 2013), como o design para transição (IRWIN et al., 2015), design justice (COSTANZA-CHOCK, 2020), os enfoques ontológicos do design (WINOGRAD e FLORES, 1989; FRY, 2013; ESCOBAR, 2016), dentre outros. No contexto latino-americano, a busca por novos paradigmas de atuação da disciplina tem sido realizada (dentre outros) com o suporte dos estudos decoloniais, que propõem revisões da constituição histórica da modernidade no continente (QUINTERO et al., 2019), por meio da reflexão continuada sobre a realidade cultural e política latino-americana (ESCOBAR, 2005). As interfaces entre os estudos decoloniais e o campo do design têm crescido nos últimos anos, atraindo interesses de ambos os lados (AKAMA et al., 2019). O resultado disso é um conjunto heterogêneo de reflexões que apontam para deslocamentos e novas formulações sobre o campo. Buscamos, nesta dissertação, ampliar esta interface, por meio da sistematização e discussão do tema na obra de Enrique Dussel. O filósofo argentino-mexicano, que é uma peça-chave do denominado giro decolonial (decolonial turn), produziu, entre as décadas de 70 e 90, profícuas reflexões quanto à disciplina ‒ que abrange desde os seus fundamentos filosóficos e se estende às discussões quanto a uma política latino-americana para a disciplina. Apesar da riqueza de suas contribuições, elas permanecem relativamente desconhecidas do público em geral e, em particular, pelo nosso campo. Com isso, oferecemos um conjunto de elementos teóricos e conceituais que auxiliam os pesquisadores e interessados em design a localizá-lo no horizonte dos estudos decoloniais. De outro modo, esperamos traçar, um panorama geral das contribuições do pensamento crítico latino-americano que auxiliem o design a se configurar como instrumento crítico nos quadros disciplinares, científicos e sociais contemporâneos.

20 jan 2023
Bruno Ribeiro do Nascimento
PPDESDI Doutorado

Por uma politização do design: caminhos entre o feminismo e a educação popular

A tese apresenta reflexões sobre o campo do Design e possíveis engajamentos políticos a partir de uma investigação exploratória e qualitativa. O objetivo deste trabalho é refletir sobre a politização do design a partir de pressupostos teórico-práticos da educação popular e do feminismo. O percurso investigativo se deu a partir do arcabouço político-metodológico da Pesquisa Militante, que congrega ações educativas, políticas e de pesquisa em uma prática coletiva e colaborativa de produção de conhecimentos junto a movimentos sociais ou coletividades em luta. Os espaços da pesquisa compreenderam ações da pesquisadora junto ao International Development Design Summit, à Universidade Livre Feminista, à Rede Design e Opressão, ao Movimento Estudantil da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e no trabalho docente na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os fundamentos teóricos sobre politização que orientam a tese são oriundos dos debates da Educação Popular e do Feminismo latino-americano. No âmbito do design, as questões são levantadas a partir de elaborações teórico-práticas que estão inseridas no Design Participativo e nos Estudos em Design, especialmente as vinculadas ao campo crítico latino-americano e às discussões de Gênero e Feminismo. Como resultado, defendo que os processos de politização do Design podem acontecer a partir de quatro eixos de transformação: epistemologia, ontologia, conceituação e prática. Em cada eixo são apresentadas reflexões que se fundamentam na práxis da Pesquisa Militante e indicam caminhos para uma possível politização do campo.

29 ago 2022
Bibiana Oliveira Serpa
PPDESDI Doutorado

Design e arquitetura educacional: dissintonias entre ideais pedagógicos e o espaço construído

Na arquitetura educacional pública, percebe-se dissintonias entre as políticas pedagógicas institucionais e alguns prédios escolares que são construídos para atender aos programas educacionais resultantes de tais políticas. Em alguns casos, é perceptível a lacuna entre alguns ambientes educacionais e a orientação pedagógica que os inspirou. O objetivo desta tese de doutorado é identificar as origens e prováveis causas para esse descompasso. Após um breve histórico sobre arquitetura e a sua convergência com o Design na 1ª Revolução Industrial, verifica-se, através de referências bibliográficas, a evolução dos espaços educacionais e sua importância no contexto social ao longo do tempo, desde as primeiras civilizações até um olhar mais detalhado no Brasil republicano, época em que a educação passou a ser uma preocupação do Estado. É utilizada a revisão sistemática de literatura para identificar os principais períodos de expansão da rede escolar, a relação do aumento na quantidade de escolas públicas com marcos importantes na histórica econômica do país e em quais cenários as soluções arquitetônicas sustentaram a orientação pedagógica com maior ou menor eficiência. A disseminação de projetos-padrão é identificada como uma das principais origens das dissintonias entre as expectativas da comunidade escolar e os edifícios que são entregues, assim como o processo de dualidade educacional (educação diferenciada segundo a classe social) que, junto com causas culturais, econômicas e a reprodução de tradições acríticas, provocam a precarização das instalações educacionais e sua inadequação para o atendimento dos programas de necessidades ou ideais pedagógicos de boa parte das instituições públicas de ensino. A pesquisa, através de revisão documental, desconstrói o paradigma do projeto-padrão pela contestação das principais alegações dos seus defensores e da aplicação prática de métodos voltados para a melhoria da experiência dos usuários do ambiente de aprendizagem em um projeto arquitetônico real de edifício educacional. O estudo também identifica, pelo método da observação assistemática, as boas práticas na edificação de espaços educacionais citados como relevantes para o sucesso de algumas correntes pedagógicas reconhecidas como referências na educação. Na conclusão, recomenda-se a maior integração da arquitetura educacional com o campo do design e o uso de novas tecnologias para, através desse alinhamento temático e sinergia, proporcionar uma combinação virtuosa dos processos e métodos de projetação desde a fase de elaboração dos estudos preliminares até as etapas de implantação de edifícios escolares mais alinhados com as necessidades e programas pedagógicos, sem deixar de lado o cumprimento da função social que se espera das instituições públicas de ensino.

12 ago 2022
Sergio Bernardo dos Santos
PPDESDI Mestrado

A construção do brincar: atividades lúdicas para crianças em instituições de acolhimento a partir da teoria das habilidades

Historicamente, crianças em situação de vulnerabilidade ocupam um lugar de marginalização social. Essa condição causa inúmeros desentendimentos e, por anos, acreditou-se que o melhor a se fazer era esconder essas crianças. Com a implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), no Brasil, as diretrizes de cuidado mudaram. No entanto, as instituições ainda passam por um período de transição, o que resulta em contradições dentro do sistema, que se baseiam em uma política perdida no meio do caminho entre “o que deve ser feito” e “o que era feito antes”, gerando uma grande falta de confiança das crianças em seus cuidadores. Esse panorama reflete no mau desenvolvimento das habilidades sociais durante a infância, e pode causar desequilíbrios durante o crescimento e a fase adulta. O estudo de design voltado para crianças, em especial das principais oportunidades de design em busca de estimular o desenvolvimento das habilidades sociais, focou-se na oferta de atividades lúdicas capazes de proporcionar ferramentas para crianças e cuidadores. A partir disso, este estudo tenciona estruturar um sistema de dinâmicas em conjunto com recomendações para desenvolvimento de atividades lúdicas para aprimorar e desenvolver as habilidades sociais em crianças em situação de acolhimento institucional, nas idades de 8 a 10 anos.

02 ago 2022
Letícia Torres da Silva
PPDESDI Doutorado

Tempos e atravessamentos: tramando linhas a partir do Centro Carioca de Design

Esta tese faz uma correlação entre a trajetória do Centro Carioca de Design (CCD) e o próprio ato de se escrever uma tese. Se o ponto de partida foi o CCD, criado em ato do Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro em novembro de 2009, no âmbito da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), sob a Subsecretaria do Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design (SUBPC), mais tarde, entendendo que a tese constitui, em si, ela também, um “objeto”, busquei relacionar as narrativas de modo a organizar a tese em Tempos e Atravessamentos em alternância. Os cinco Tempos são: (1) Por um saber atravessado, onde apresento a tese e sua organização; (2) Design como Casa, onde apresento aspectos da casa onde fica o CCD e de seu entorno na cidade do Rio, além de desenhos, fabulações e imagens que aproximam quem lê a tese dos elementos apresentados; (3) Design como discurso, onde faço um exercício de análise do discurso, buscando entender o que queriam dizer as palavras “design”, “patrimônio cultural”, “estratégia” e “política”, dependendo de quem as dissesse; (4) Design como cultura, onde apresento o contexto da inserção do Design como política pública no Ministério da Cultura (MinC) durante os dois primeiros mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente do Brasil, tendo Gilberto Gil (2003-2008) e Juca Ferreira (2008-2010) como ministros da pasta; e (5) Fazer-tentáculo, onde promovo um debate sobre o que seria “a verdade” (ou, ainda, quais seriam “as verdades”) possível(eis) em uma tese, e quais as implicações de se buscar “uma verdade” absoluta. Os Atravessamentos, por sua vez, apresentam artigos publicados ao longo do período do doutorado, mostrando um caminho não só do pensamento sobre design, patrimônio cultural, política e cidade, mas também entendendo que tudo aquilo que se produz no contexto de um doutorado é, necessariamente, tese. Assim, organizei os Atravessamentos em (1) Primeiro, em que apresento a proposta de “tempo tentacular” e a história da implantação do CCD na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro; (2) Segundo, um ensaio escrito e visual sobre as ruas do Rio de Janeiro e suas memórias; (3) Terceiro, escrito integralmente durante o ano de 2020, no auge do isolamento em função da pandemia de Covid-19, apresentando dois artigos sobre acontecimentos desse período, sendo um questionando o papel da arquitetura em relação ao discurso da sustentabilidade após o encontro de um starchitect dinamarquês com o presidente do Brasil em 2020, e outro fazendo uma crítica para entender quem são os corpos que realmente morrem no mundo à luz dos movimentos Black Lives Matter; e finalmente o (4) Quarto, em que proponho olhares diversos sobre o patrimônio cultural, em especial os monumentos patrimonializados e sua disposição como representação de poder nos “espaços públicos” das cidades. A tese é, assim, um documento heterogêneo, constituindo um passeio pela história política do design, do patrimônio cultural, e do próprio CCD, mas também um mapa de percurso para a própria tese, que se torna, também ela, um material de pesquisa.

29 jul 2022
Paula de Oliveira Camargo
PPDESDI Mestrado

Mapeamento da produção sobre design de interação e saúde digital na pós-graduação brasileira

Este trabalho objetiva compreender o estado da produção de conhecimento em design para saúde digital na a pós-graduação brasileira. Sendo uma área relativamente nova tanto no design como na saúde, a saúde digital encontra um cenário de grande potencial, mas também de enormes desafios. Por isso, o trabalho empregou técnicas quantitativas e qualitativas para analisar o conteúdo de 47 teses e dissertações sobre o assunto. Entre outras potencialidades descobertas, observou-se que o tema, na pesquisa em design no Brasil, é fortemente vinculado a projetos de educação e saúde, jogos, e mudança de comportamento e bem-estar. Como principais desafios, estão as dificuldades em estabelecer uma cultura digital com design nos ambientes de pesquisa em saúde, o posicionamento do design em equipes multidisciplinares, e a aproximação dos resultados das pesquisas acadêmicas com o mercado. Após consolidar os resultados da análise, três especialistas foram convidadas a discuti-los. Dessas rodadas de discussão, concluiu-se que o papel educador da universidade é fundamental para fomentar uma cultura de design em equipes de saúde e tecnologia, bem como desenvolver uma série competências necessárias para que designers assumam um papel de liderança na digitalização da saúde.

28 jul 2022
Leonardo de Morais Soares
PPDESDI Mestrado

Placa de plástico reciclado: características, design e propostas projetuais

A dissertação apresenta as Placas de Plástico Reciclado feitas a partir de embalagens pós-consumo de Polipropileno. Embora as Placas sejam produzidas a partir da lógica sustentável, transformando materiais de uso único descartados em novas possibilidades de produtos duráveis, ainda carece de informações quanto as características que auxiliem sua aplicação em novos projetos. Soma-se a isso algumas barreiras para adoção de materiais reciclados como suas características técnicas, estéticas e o interesse do consumidor. Nesse sentido, a presente pesquisa buscou dois objetivos principais: (1) a delimitação de um quadro de características técnicas e de design e, a partir delas, (2) gerar alternativas para projetos de produtos para as Placas Recicladas. Para isso, foram realizadas análises do material a partir do método científico e técnicas de Design Industrial. Dessa forma, é apresentada uma revisão sobre os materiais plásticos na sociedade e o contexto da produção das Placas Recicladas, além de ensaios mecânicos de flexão, impacto, técnicas de trabalhabilidade; e características estéticas, desenvolvidas a partir do design de superfície e entrevistas qualitativas . A caracterização realizada constitui as primeiras informações relativas às Placas Recicladas, e apresenta a possibilidade de substituição de materiais de madeira, como compensado e aglomerados, a partir das suas características mecânicas e de trabalho. Dessa forma, é apresentado o desenvolvimento dos primeiros padrões estéticos de cores, facilitando a aplicação do material em novos projetos. E por fim, a realização de diferentes possibilidades de produtos para mercados distintos, como objetos utilitários, de decoração e mobiliários, apresentados ao final do trabalho.

28 jul 2022
Gustavo Alves Cunha Martins
PPDESDI Doutorado

Design nas bordas: juventude periférica, re-existências e decolonialidade em Belém do Pará

A tese apresenta apontamentos resultantes de uma investigação qualitativa, com abordagem participante, realizada de forma presencial e remota com um grupo de jovens do bairro da Terra Firme, em Belém-Pará. O objetivo foi de analisar como o engajamento de designers em processos de emancipação agenciados por grupos socialmente oprimidos pode influenciar experiências de decolonização na prática projetual em design. As informações analisadas são provenientes de três percursos realizados coletivamente, que visaram revelar situações de opressão e projetar futuros alternativos com os jovens: a elaboração de contra-narrativas no período da pandemia do novo coronavírus; a ampliação da rede de parceiros e a organização das práticas de resistência. A fundamentação teórica é embasada nos chamados Estudos Decoloniais e na Educação Popular, com ênfase nas práticas pedagógicas elaboradas por Paulo Freire, na tese defendido como um dos pioneiros do pensamento decolonial na América Latina. No âmbito do design, fundamento as análises nas elaborações teóricas de pesquisadores de design inseridos no debate da decolonialidade, procurando demonstrar como a decolonialidade enquanto campo também se constitui colaborativamente, como demonstrado pela análise da constituição da Rede Design e Opressão. Como resultado, defendo que a decolonialidade em design é experimentada e elaborada em contextos situados, por meio dos processos sociais que articulam teorias e práticas de resistência, a partir das relações de solidariedade instituídas entre designers e os grupos que elaboram suas lutas de forma autônoma.

13 jul 2022
Sâmia Batista
PPDESDI Doutorado

Codesign como compostagem com uma comunidade agroeco-lógica na Serra da Misericórdia, Rio de Janeiro

Esta tese de doutorado tem como objetivo analisar o lugar do designer no desenvolvimento de uma rede de agricultores na Serra da Misericórdia, Rio de Janeiro. Pretende-se entender qual o papel do designer e como ele articula o seu conhecimento projetual especializado e como a sua experiência contribui para a criação dessa rede. A pesquisa acompanha a formação de uma rede de agricultores na Serra da Misericórdia, chamada “Arranjo Local Penha”, e como ela se projeta em mundos alternativos agroecológicos, de bem viver, relacionais e participativos. Esta tese é principalmente elaborada a partir das experiências de campo na Serra da Misericórdia durante os anos de 2017 a 2021 e tem como base teórica o trabalho do antropólogo Arturo Escobar, sobretudo sua pesquisa sobre autonomia e design como caminho para alcançar pluriversos. No capítulo 1, apresento a minha trajetória, desenvolvo a ideia de agricultura urbana para além do plantar, sobre o que é sustentabilidade, por que essa noção continua atrelada ao desenvolvimentismo e discuto algumas possibilidades de sustentabilidade com envolvimento a partir das noções de bem viver, design para autonomia e para transição, design participativo, pesquisas já realizadas em favelas do Rio de Janeiro e como as linhas do making podem enlaçar as lutas do commoning. No capítulo 2, começo a descrever a minha aproximação e os primeiros experimentos na Serra da Misericórdia. Apresento o que é a Serra da Misericórdia e quais significados e representações ela adquire para os grupos ambientais que a protegem e como estes se formam ambientalistas, destacando a luta da organização não governamental, a ONG CEM. O CEM foi um dos organizadores do Arranjo Local Penha, rede de parceiros que mobiliza a agricultura urbana para a promoção da soberania alimentar na Penha. A partir de Escobar, analiso tanto na construção da Serra da Misericórdia como do Arranjo Local Penha, como as comunidades fazem design de si um fazer em rede, nunca isolado. Mais do que uma comunidade, uma unidade comum, um composto em redes instáveis que se fazem e refazem e viram juntas outra coisa muito fértil. No capítulo 3, abordo a minha participação na terceira fase do Arranjo Local Penha, na qual será formada uma rede de agricultores produtores de mudas de plantas na Serra da Misericórdia. Apresento a proposta do projeto que foi submetida a um edital de financiamento da Faperj e que viabilizou a realização da rede. Do desenho do projeto para sua realização, a rede foi atravessada por questões locais, do território e dos seus habitantes, e globais, como a pandemia de Covid-19. No andamento desse processo, meus colegas e eu aprendemos ver os problemas como parte do trabalho e não como obstáculos. Mas, para isso acontecer, nossa ação demandou um grande envolvimento, um fazer parte dessa comunidade/composto. Por fim, proponho que o codesign que realizamos assemelhou-se ao processo de compostagem.

12 jul 2022
Pedro Biz Eschiletti
PPDESDI Mestrado

Os valores do trabalho manual: passado e presente

 O estudo se configura como uma investigação sobre o trabalho manual e sua relevância para a história do design. Investigar as interseções de trabalho manual e design abrange diversas possibilidades de enfoque, como: fronteiras fluídas das artes, design e artesanato; de análise da técnica, material e estilo dos artefatos; do papel do designer como projetista e designer-artesão. Pouco se fala de questões sociais, quer dizer, que se relacione com o indivíduo, intrínsecas no fazer manual, que foquem no trabalhador e sua relação com o trabalho. A partir dessa perspectiva, a pesquisa tem como objetivo investigar e mapear as bases valorativas do trabalho manual em dois movimentos da Europa dos séculos XIX e XX até os dias atuais. A escolha para o recorte temporal se deve à importância do Arts and Crafts e Deutscher Werkbund para a formação do pensamento e história do design. O estudo se inicia com um panorama da interseção do trabalho manual e design, a partir da origem da história do design, seguido por breve discussão sobre classificação de design e artesanato, até a exposição de dois movimentos relevantes para o design. O pensamento da época debatia, por exemplo, questões além da estética, mas de cunho social, com relação ao trabalho manual, tais como liberdade de expressão individual do trabalhador, condições de trabalho e organização do trabalho. Com base na revisão de literatura de textos de 1883 a 1929, de pensadores influentes para a história do design que debatiam esses movimentos e o trabalho manual, foi possível mapear e categorizar as temáticas e seus respectivos valores. Em seguida, procedeu-se a uma revisão bibliográfica de autores contemporâneos que tratassem do craft, dos movimentos Arts and Crafts e Deutscher Werkbund, das manualidades e do resgate e valorização das práticas. Por último, foram realizadas entrevistas em profundidade com dez artífices da atualidade a fim de explorar os valores mapeados de antes e levantar novas questões contemporâneas do trabalho manual. Identificamos na conversa com artífices da atualidade: suas experiências, modos de pensamento e pilares no fazer manual. Dentre os achados, destacam-se as temáticas mapeadas nos textos e nas conversas com os artífices; como satisfação e envolvimento com o trabalho, utilidade, felicidade, reconhecimento, expressão da individualidade, ambientes agradáveis, facilitação da máquina, relação da cabeça com as mãos, responsabilidade, mística no fazer, corporalidade, fronteiras fluídas, humanização, preconceito, autoridade e resistência. O artífice contemporâneo expõe sobre sua satisfação com o trabalho seja pela manipulação dos materiais ou pela transformação da matéria-prima em um artefato de qualidade, da relação da cabeça com as mãos por meio de um fazer não dissociado e nem automatizado, se envolvendo naquilo que faz; em que participa tanto do projeto como da execução. Reconhece em seu trabalho sua responsabilidade, seja social ou ambiental, e utilidade de prestar serviço à sociedade. Desfruta de autoestima ao fazer seu ofício artesanal, entende como expressão da individualidade, e enxerga a máquina como facilitadora na produção de formas e materiais inusitados. A pesquisa traça uma ponte da tradição craft ao artífice contemporâneo.

30 jun 2022
Gabriela De Laurentis
PPDESDI Doutorado

O que você sustenta quando se alimenta? Teoria ator-rede e o design das redes agroalimentares

Essa é uma tese sobre as redes organizadas para que tenhamos comida: as redes agroalimentares, que são aqui compreendidas de uma forma mais ampla do que as tradicionais cadeias de produção de alimentos, podendo incluir toda sorte de elementos, entre humanos e não humanos. Investigaremos um prato de comida na rede que lhe permite existir. As redes agroalimentares são aqui entendidas como algo projetado, e a ação de projetar não é atribuída a um sujeito projetista. Na rede, o projeto é diluído por tudo e todos que nela agem. O objetivo da investigação é traçar as conexões necessárias, entre os mais variados atores, para que a nossa alimentação esteja diariamente disponível em nossos pratos. Quando explicamos a rede que dá existência à nossa alimentação, somos também capazes de entender e explicar a inexistência e a indisponibilidade de comida para muitas pessoas. Utilizando como abordagem teórico metodológica a teoria ator-rede e a cartografia de controvérsias, inicia-se o traçado comparativo de duas redes, a partir de dois pratos de comida servidos nos dois lados da Rua da Lapa, no Rio de Janeiro. Em um lado, há o Refettorio Gastromotiva, ligado ao Social Gastronomy Movement, que oferece cursos de empreendedorismo social e gastronômico e prepara refeições com ingredientes não comercializáveis doados por comerciantes de alimentos, servindo tais refeições a pessoas que não têm o que comer. No outro lado, há o espaço de comercialização Terra Crioula, ligado ao Movimento Sem Terra, e que escoa a produção de assentamentos da reforma agrária do estado do RJ na forma de cestas e refeições elaboradas por um projeto de extensão universitária. A principal referência sobre a teoria ator-rede aqui utilizada é Bruno Latour. Como resultado, temos textos descritivos das duas redes, obtidos através de relatos feitos sobre visitas a campo nos dois casos. A partir dos textos, foi possível traçar algumas representações visuais das redes de elementos heterogêneos conectadas em função da questão agroalimentar nos dois casos recortados. Através de uma noção ampliada de projeto, é possível compreender que a conformação da rede se dá pela conjunção de coisas, pessoas, ideias associadas às custas de estabilizações para que, em uma certa realidade compartilhada, possamos contar com comida em nossos pratos diariamente. E, assim como a comida diária é um projeto, o desperdício, a escassez, a fome e a desnutrição também o são. O que se ganha com a ampliação da ideia de projeto quando imaginamos a dissolução do sujeito projetista em uma rede de conexões cambiáveis é a possibilidade de criarmos e construirmos ordenamentos concretos da realidade na qual existimos em grupo, além de podermos escolher nos juntar ou não a uma certa conformação de rede.

28 jun 2022
Flávia Menezes da Cunha Soares
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