Desenho Industrial e Tecnologia Assistiva: perspectivas de atuação para os profissionais de projeto de produto
A tese teve como objetivo situar o Desenho Industrial como área pertinente e relevante à Tecnologia Assistiva, com perspectivas de atuação para o designer habilitado em projeto de produtos. Apresenta um panorama da área no Brasil e no mundo, com conceituações pertinentes, sua relevância, principais desafios, iniciativas que estão sendo empreendidas para saná-los e os grupos que estão atuando para isso. É feita contextualização sobre o público-alvo, o mercado e a indústria dos produtos assistivos. A partir de conceitos relacionados ao Desenho Industrial, são caracterizados atributos e atribuições dos designers e os diferentes âmbitos nos quais os profissionais são qualificados para atuar. Ao enfocar o projeto de produtos assistivos, destacam-se contribuições peculiares da atividade para a Tecnologia Assistiva. São identificados fatores que interferem ao longo da atuação, os quais devem ser reconhecidos e evitados, para que tais contribuições sejam efetivas. Por meio de pesquisa diacrônica, que compreendeu literatura multidisciplinar e representações de artefatos diversos, utilizados ao longo da história para fomentar a funcionalidade, foram identificados fatores que influenciaram as configurações dos produtos assistivos, bem como possibilidades que foram exploradas no design de produtos para pessoas com deficiência, que podem ser retomadas no contexto contemporâneo, com fins a reduzir os altos índices de insatisfação e abandono de produtos assistivos. A pesquisa sincrônica, por sua vez, foi realizada a partir de entrevistas com designers que atuam em projetos de produtos assistivos, da organização de opiniões as atitudes das pessoas com dificuldades funcionais em relação a projetos e produtos, e de empreendimentos bem-sucedidos no sentido de promover inovação em Tecnologia Assistiva, e que utilizam de métodos e profissionais de Desenho Industrial para isso. Tem-se, assim, a Tecnologia Assistiva como um campo que não apenas tem espaço para os profissionais de projeto de produto, como tem necessidades que competem as suas competências peculiares, e perspectivas para sua atuação. É recomendado o conceito de funcionalidade mais alinhado ao escopo de atuação do desenhista industrial. Propõe-se que sejam compreendidos como produtos assistivos aqueles que promovem a funcionalidade ao favorecer a seus usuários serem da forma como desejam e realizarem as atividades que valorizam. Considera-se que tal orientação aproxima e situa o Design na Tecnologia Assistiva; minimiza os vieses que atuam sobre as contribuições dos desenhistas industriais; amplia e diversifica as oportunidades de projeto e as perspectivas de atuação dos profissionais. A partir daí são propostas bases a partir das quais os designers devem atuar em prol da funcionalidade: certificação do público-alvo; seleção de tecnologia apropriada; colaboração de profissionais capacitados; atualização constante; e princípio de mutualidade. São apontadas trilhas de atuação, as quais os designers estão habilitados para exercer, que podem ser empreendidas de acordo com suas aptidões e motivações específicas: projeto; curadoria; capacitação; pesquisa; e consultoria. Finalmente, são indicados campos de atuação nos quais o desenhista industrial pode contribuir, pleitear serviços, parcerias ou atuação em projetos relacionados à Tecnologia Assistiva: instituições de atendimento especializado; instituições de ensino e pesquisa; empresas e startups; e em projetos de pessoas com deficiências.
The thesis aimed to place Industrial Design as a pertinent and relevant area to Assistive Technology, with perspectives for the designer qualified in product design. It presents an overview of the area in Brazil and in the world, with related concepts, its relevance, its main challenges, the initiatives that are being undertaken to solve them and the groups that are working towards this. It makes a contextualization about the target audience, the market and the industry of assistive products. Based on concepts related to Industrial Design, attributes and attributions of designers and the different areas in which professionals are qualified to work are characterized. By focusing on the design of assistive products, the activity's unique contributions to Assistive Technology stand out. Factors that interfere throughout the designers’ performance are identified, which must be recognized and avoided, so that the contributions are effective. Through diachronic research, which included multidisciplinary literature and representations of various artifacts used throughout history to promote functioning, factors that influenced the configurations of assistive products were identified, as well as possibilities that were explored in the design of products for people with disabilities, which can be resumed in the contemporary context in order to reduce the high rates of dissatisfaction and abandonment of assistive products. The synchronic research, in turn, was carried out from interviews with designers who work on assistive product projects, from the organization of opinions and attitudes of people with functional difficulties in relation to projects and products, and from successful undertakings in promoting innovation in Assistive Technology, and which use Industrial Design methods and professionals for this. Thus, there is Assistive Technology as a field that not only has scope for product design professionals, but also has needs that compete with their peculiar skills, and perspectives for their performance. The concept of functioning that is more aligned with the industrial designer's scope of action is recommended. It is proposed that assistive products should be understood as those that promote functioning by enabling their users to be the way they want and perform the activities they value. It is considered that such guidance approximates and situates Design in Assistive Technology; minimizes the biases that act on the contributions of industrial designers; expands and diversifies design opportunities and professionals' perspectives. From there, bases from which designers should act in favor of functioning are proposed: certification of the target audience; selection of appropriate technology; collaboration of trained professionals; constant update; and principle of mutuality. Paths of action which designers are qualified to exercise, which can be undertaken according to their specific aptitudes and motivations, are pointed out: design; curation; training; research; and consultancy. Finally, fields of work in which the industrial designer can contribute, claim services, partnerships or can work in projects related to Assistive Technology, are indicated: specialized service institutions; teaching and research institutions; companies and startups; and in projects for people with disabilities.