Construindo uma estratégia para o enfrentamento do racismo estrutural no Design brasileiro
Embora o design exerça papel fundamental na construção de visualidades e representações culturais, suas bases modernistas seguem reproduzindo estruturas racistas, eurocentradas e excludentes. No Brasil, essas práticas acentuam a invisibilidade de designers negros e a homogeneização das identidades, ignorando as complexidades raciais da sociedade. Ainda que se observe, nos últimos anos, um movimento de resistência protagonizado por designers negros que reivindicam seus lugares de fala e saberes próprios, nota-se a ausência de pesquisas que investiguem, de forma sistemática, como essas práticas podem contribuir para o enfrentamento do racismo estrutural no design. Este estudo tem como objetivo analisar que maneiras projetuais afrorreferenciadas e contracoloniais, desenvolvidas por designers negros, podem confrontar o racismo estrutural no design brasileiro e reconfigurar suas visualidades. Buscar identificar influências culturais mobilizadas nesses projetos, explorar o papel do pensamento contracolonial no fortalecimento do lócus social negro e propor estratégias que valorizem e empoderem essas identidades. A metodologia é qualitativa, composta por análise temático-visual de produções de 15 designers negros, vivências territoriais em contextos afro-brasileiros e experimentações colaborativas. Parte-se da hipótese de que práticas ancoradas em perspectivas contracoloniais são capazes de resgatar heranças culturais, proporcionar visualidades contra-hegemônicas e gerar táticas de enfrentamento ao racismo. A pesquisa tem potencial para reposicionar a negritude como ponto de partida epistêmico, político e estético, propondo caminhos para um design mais justo e plural.
Although design plays a fundamental role in the construction of visualities and cultural representations, its modernist foundations continue to reproduce racist, Eurocentric and exclusionary structures. In Brazil, these practices accentuate the invisibility of black designers and the homogenisation of identities, ignoring the racial complexities of society. Although in recent years there has been a resistance movement led by black designers who have claimed their own places of speech and knowledge, there has been a lack of research systematically investigating how these practices can contribute to tackling structural racism in design. The aim of this study is to analyse how Afro-referenced and counter-colonial design methods developed by black designers can confront structural racism in Brazilian design and reconfigure its visualities. It seeks to identify the cultural influences mobilised in these projects, explore the role of counter-colonial thinking in strengthening the black social locus and propose strategies that value and empower these identities. The methodology is qualitative, comprising thematic and visual analyses of the productions of 15 black designers, territorial experiences in Afro-Brazilian contexts and collaborative experimentation. It is based on the hypothesis that practices anchored in counter-colonial perspectives are capable of rescuing cultural heritages, providing counter-hegemonic visualities and generating tactics of empowerment.