Pensar o chão como atlas
A investigação busca levantar debates a partir da categoria chão: esgarçando, torcendo, fissurando, escavando o campo de possíveis que a categoria parece abrir. Mais do que oferecer respostas e enquadramentos definitivos, totalizantes, procura deslindar ideias de chão, reveladas através da análise de um conjunto polissêmico de materiais - obras de arquitetura, artes visuais, cidades, territórios, objetos, infraestruturas, paisagens - que reforcem seu lugar intervalar, ativador de forças e velocidades vazadas nas relações entre domínios distintos. Pensar o chão implica considerar um relevo complexo. Comumente, o chão é lido como uma superfície que acomoda os corpos e objetos atraídos pela força gravitacional, configurando-se como suporte comum a eles. Seres humanos e não-humanos coabitam esta superfície, trocando energia e intensidades entre si, mas, também, com os estratos das mais variadas densidades e materiais que sob ela repousam. Nas brechas entre este conjunto de camadas — superficiais e subsuperficiais — o chão condensa um tecido espesso onde reside a vida. A tese divide-se em três seções que configuram seus platôs: chão-atlas; chão-projeto; chão-menor. Nos platôs é feito o debate teórico-conceitual. Estes estão atravessados por ensaios textuais-visuais, denominados intervalos, nos quais são colocadas lado a lado imagens que, à primeira vista, não se aproximam por recorte temporal ou afinidade estilística, mas que podem encontrar em suas lacunas as coisas que não estão sendo buscadas. Sua arquitetura é desenhada por meio dessas três camadas que se atravessam: não há introdução, não há conclusão; tudo é desenvolvimento. Por isso mesmo, aceita expansões e retrações, fragmentações e agrupamentos. Há, no fim, algum desdobramento, uma especulação que envolve os impasses que a tese coloca e não exatamente se propõe a resolver.
The investigation raises debates from the ground as a category: fraying, twisting, fissuring, excavating the field of possibilities that the category seems to open. More than offering a set and definitive landmarks, totalizing answers, it seeks to unravel ideas of ground, objects revealed through the analysis of the territory of a polysemic object of materials - architectures, cities, infrastructures, landscapes - that reinforce its interval place, activator of forces and velocities in the relations between different domains. Thinking about the ground implies considering a complex relief. Commonly, is read as a surface that bodies and objects, configuring itself as a common support for them. Humans and non-humans cohabit this surface, exchanging energy and intensities with each other, but also with the strata of the most varied densities and materials that lie under it. In the thrift stores between these sets of layers — the floor and subsurfaces condensed into a fabric where life resides. The thesis is divided into three sections that configure its plateaus: ground-atlas; ground-design; ground-minor. The theoretical-conceptual debate takes place on the plateaus. They are crossed by essays, where images that, at first temporal sight, cannot be identified stylistically, but that disconnect in their gaps like things that cannot be found. Its architecture is designed through these intersecting layers: there is no introduction, there is no conclusion; everything is under development. For this reason, it accepts expansions and retractions, fragmentations and groupings. There is, in the end, some unfolding, a speculation that involves the impasses that the thesis poses and does not exactly propose to solve.