
Zoy Anastassakis
Graduação em Design pela ESDI/UERJ, mestrado e doutorado em Antropologia Social pelo PPGAS/Museu Nacional/UFRJ. Na ESDI, coordena o Laboratório de Design e Antropologia (LaDA), onde desenvolve pesquisas e projetos que investigam as possibilidades de conjugação de modos de produção de conhecimento nestas duas áreas do conhecimento, experimentação levada a cabo por meio de abordagens de codesign. Tem experiência em pesquisa sobre história do design, e sobre as relações do design com artesanato, cidadania, patrimônio cultural, política e sociedade. Seja do ponto de vista teórico ou metodológico, também investiga as relações entre design e inovação social, e os processos de materialização e visualização envolvidos em projetos de design voltados para questões sociais emergentes.
Interesses de pesquisa
Experimentação em torno da conjugação de modos de produção de conhecimento em design e antropologia; as relações entre design, política, cultura e sociedade; abordagens antropológicas para a produção de conhecimento em história, teoria e crítica do design; e modos alternativos para a prática, a pesquisa e a escrita em design.

Design das relações: amor, escuta e procedimento
A pesquisa propõe uma reflexão crítica sobre o design no Brasil, explorando suas interseções com as artes por meio de uma empresa-ficção chamada Seguro Término de Relacionamento (STR). Esta empresa fictícia tem a missão de apoiar pessoas passando por términos amorosos, investigando as formas contemporâneas de relacionamento afetivo, como monogamia e não-monogamia. A abordagem é qualitativa, combinando teoria e prática.


Pensar-com imagens: subversões e fabulações em torno da bandeira nacional brasileira
Esse documento apresenta um estudo de versões modificadas da bandeira nacional brasileira, realizado a partir de ações de coleta (LE GUIN, 1989) de origens e autorias variadas. Esse conjunto de imagens é organizado, dividido e lido a partir de uma análise relacional, sustentada na concepção da pesquisa como uma prática de correspondência (GATT e INGOLD, 2013). Nessa investigação, a bandeira nacional brasileira é apresentada como uma imagem de dissenso estético – uma condição presente desde sua instituição como símbolo nacional, na Proclamação da República, mas que se tornou ainda mais aguda e visível entre os anos de 2013 e 2023, recorte temporal proposto para a coleta de imagens deste trabalho. A dissertação tem por objetivo investigar aproximações teóricas entre práticas de design ativismo e experimentos de fabulações especulativas (HARAWAY, 2023). Como contribuição, é apresentada uma coleção de 338 imagens de mobilização e releitura da bandeira brasileira, que podem ser observadas como usos plurais de design aplicado a imagens de comunicação e motivação política. Além disso, é defendido o potencial de ampliação de consciência crítica e de reorientação de subjetividades que ações de design ativismo e narrações especulativas carregam, contribuindo para o desenvolvimento e atualização de pesquisas e práticas no campo do design.


Florescer nas frestas: continuidades entre agroecologia e design
O design, enquanto campo de produção de conhecimento e materialidade, contribuiu de muitas formas para um estado de colapso ambiental em âmbito global que ameaça as possibilidades de futuro da humanidade. Por outro lado, estando aberto para ser reformulado, este também pode assumir o papel de colaborador em processos de regeneração de habitabilidades locais, sendo redirecionado no sentido de uma prática mais sensível e cuidadosa para com a manutenção da vida. O que se propõe com essa pesquisa é buscar entender os possíveis entrelaçamentos entre agroecologia e design enquanto habilidade de resposta a tal conjuntura de crise sistêmica. Para isso, a partir do campo do Design Anthropology, foram investigadas as dinâmicas de associações multiespécies em sistemas agroflorestais no contexto do assentamento da reforma agrária do MST Mário Lago, na cidade de Ribeirão Preto - SP. Tecendo diálogos entre design, ecologia e antropologia, procurou-se vislumbrar a colaboração entre humanos e não humanos, a fim de compreender as potencialidades desses atravessamentos na reinvencão do campo do design no sentido do cuidado da vida. Observando como formas de vida florescem e se atravessam em meio às ruínas do Antropoceno, o design se torna uma ótica de investigação assim como um aprendiz dessas relações multiespecíficas que, aliado à agroecologia, pode contribuir no processo regenerativo de habitabilidades que simultaneamente produzem de comida, biodiversidade, florestas e culturas.

Tempos e atravessamentos: tramando linhas a partir do Centro Carioca de Design
Esta tese faz uma correlação entre a trajetória do Centro Carioca de Design (CCD) e o próprio ato de se escrever uma tese. Se o ponto de partida foi o CCD, criado em ato do Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro em novembro de 2009, no âmbito da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), sob a Subsecretaria do Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design (SUBPC), mais tarde, entendendo que a tese constitui, em si, ela também, um “objeto”, busquei relacionar as narrativas de modo a organizar a tese em Tempos e Atravessamentos em alternância. Os cinco Tempos são: (1) Por um saber atravessado, onde apresento a tese e sua organização; (2) Design como Casa, onde apresento aspectos da casa onde fica o CCD e de seu entorno na cidade do Rio, além de desenhos, fabulações e imagens que aproximam quem lê a tese dos elementos apresentados; (3) Design como discurso, onde faço um exercício de análise do discurso, buscando entender o que queriam dizer as palavras “design”, “patrimônio cultural”, “estratégia” e “política”, dependendo de quem as dissesse; (4) Design como cultura, onde apresento o contexto da inserção do Design como política pública no Ministério da Cultura (MinC) durante os dois primeiros mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente do Brasil, tendo Gilberto Gil (2003-2008) e Juca Ferreira (2008-2010) como ministros da pasta; e (5) Fazer-tentáculo, onde promovo um debate sobre o que seria “a verdade” (ou, ainda, quais seriam “as verdades”) possível(eis) em uma tese, e quais as implicações de se buscar “uma verdade” absoluta. Os Atravessamentos, por sua vez, apresentam artigos publicados ao longo do período do doutorado, mostrando um caminho não só do pensamento sobre design, patrimônio cultural, política e cidade, mas também entendendo que tudo aquilo que se produz no contexto de um doutorado é, necessariamente, tese. Assim, organizei os Atravessamentos em (1) Primeiro, em que apresento a proposta de “tempo tentacular” e a história da implantação do CCD na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro; (2) Segundo, um ensaio escrito e visual sobre as ruas do Rio de Janeiro e suas memórias; (3) Terceiro, escrito integralmente durante o ano de 2020, no auge do isolamento em função da pandemia de Covid-19, apresentando dois artigos sobre acontecimentos desse período, sendo um questionando o papel da arquitetura em relação ao discurso da sustentabilidade após o encontro de um starchitect dinamarquês com o presidente do Brasil em 2020, e outro fazendo uma crítica para entender quem são os corpos que realmente morrem no mundo à luz dos movimentos Black Lives Matter; e finalmente o (4) Quarto, em que proponho olhares diversos sobre o patrimônio cultural, em especial os monumentos patrimonializados e sua disposição como representação de poder nos “espaços públicos” das cidades. A tese é, assim, um documento heterogêneo, constituindo um passeio pela história política do design, do patrimônio cultural, e do próprio CCD, mas também um mapa de percurso para a própria tese, que se torna, também ela, um material de pesquisa.


Pensar o chão como atlas
A investigação busca levantar debates a partir da categoria chão: esgarçando, torcendo, fissurando, escavando o campo de possíveis que a categoria parece abrir. Mais do que oferecer respostas e enquadramentos definitivos, totalizantes, procura deslindar ideias de chão, reveladas através da análise de um conjunto polissêmico de materiais - obras de arquitetura, artes visuais, cidades, territórios, objetos, infraestruturas, paisagens - que reforcem seu lugar intervalar, ativador de forças e velocidades vazadas nas relações entre domínios distintos. Pensar o chão implica considerar um relevo complexo. Comumente, o chão é lido como uma superfície que acomoda os corpos e objetos atraídos pela força gravitacional, configurando-se como suporte comum a eles. Seres humanos e não-humanos coabitam esta superfície, trocando energia e intensidades entre si, mas, também, com os estratos das mais variadas densidades e materiais que sob ela repousam. Nas brechas entre este conjunto de camadas — superficiais e subsuperficiais — o chão condensa um tecido espesso onde reside a vida. A tese divide-se em três seções que configuram seus platôs: chão-atlas; chão-projeto; chão-menor. Nos platôs é feito o debate teórico-conceitual. Estes estão atravessados por ensaios textuais-visuais, denominados intervalos, nos quais são colocadas lado a lado imagens que, à primeira vista, não se aproximam por recorte temporal ou afinidade estilística, mas que podem encontrar em suas lacunas as coisas que não estão sendo buscadas. Sua arquitetura é desenhada por meio dessas três camadas que se atravessam: não há introdução, não há conclusão; tudo é desenvolvimento. Por isso mesmo, aceita expansões e retrações, fragmentações e agrupamentos. Há, no fim, algum desdobramento, uma especulação que envolve os impasses que a tese coloca e não exatamente se propõe a resolver.

Ajude-me a sair da casa da sogra. Um diálogo com as ruas da cidade.
Este projeto se propõe a pesquisar as diferentes linguagens de intervenções gráficas gravadas nos espaços urbanos da cidade do Rio de Janeiro, e a rua como espaço para tais inscrições. O que queremos com essa pesquisa é fazer uma leitura desses mecanismos de expressão/comunicação que consistem em usar a rua como veículo de comunicação através da gravação de elementos gráficos nas diferentes superfícies da cidade.
O projeto é uma tentativa de estabelecer um diálogo com a rua e com a cidade através desses mecanismos de comunicação tão recorrentes no Rio de Janeiro. É uma espécie de exercício de observação e leitura da cidade através dos elementos gráficos presentes nas ruas. Um exercício de tentar perceber como a cidade comunica coisas através das várias camadas de intervenções que se misturam e se sobrepõem nas diferentes superfícies do espaço urbano.
Ao olhar para essa grande variedade de gravações nas ruas do Rio de Janeiro percebemos como elas interferem diretamente na existência e funcionamento dos espaços e nas relações que se criam a partir desses espaços. Desejamos perceber as potencialidades e as características e peculiaridades desses mecanismos decorrentes do fato de se utilizar a rua como veículo para gravar ou transmitir alguma coisa.
Durante a pesquisa olhamos para a cidade através de alguns processos que ocorreram simultaneamente e se retroalimentaram. São eles: Assistir filmes e capturar frames; realizar trajetos aleatórios no Google Street View e tirar prints; Realizar trajetos pela cidade, observar e documentar com fotos; Realizar um conjunto de intervenções gráficas no centro da cidade e registrar essas intervenções com o passar do tempo.


BANZO Música, narrativa, afrofuturismo e visualidade
Banzo é um produto musical autoral, materializado em um EP visual composto por 4 faixas à capela. O visual das faixas se complementam tendo como elemento de união uma narrativa que propõe o encontro de duas personagens. Duas mulheres, negras, que se parecem fisicamente, têm a mesma idade, e poderiam ser a mesma pessoa, só que estão em épocas diferentes. As letras das composições são o que uma fala pra outra nesse encontro. O projeto, que se inspira e se baseia no movimento afrofuturista, consiste em um videoclipe de uma das faixas musicais, styleframe + storyboard das outras 3 faixas.


Hyprbol Plataforma Online de Edição Colaborativa de Música


TEM DIAS a passividade imposta pelo isolamento social
Tem Dias, é um filme curta-metragem de gênero autobiográfico, projetado como trabalho de conclusão do curso de bacharelado em design da Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, pela aluna Carolina Garcia da Silva, sob orientação da professora Zoy Anastassakis. O curta-metragem busca mostrar através da minha vivência todos os processos passados por mim e, acredito, por uma grande quantidade de pessoas ao depararmo-nos dentro de uma pandemia nos dias de hoje, onde muitas mudanças estão acontecendo. A narrativa busca relatar todas as emoções sentidas por mim e a minha adaptação a esse novo universo.


O bordado que se expande e vira Ponto de Cultura de Rio das Flores: questões entre o design e o artesanato e o processo de criação da Florart, no Sul Fluminense
Esta tese, de doutoramento em Design, desenvolvida, no PPDESDI-UERJ, busca evidenciar como foram percebidas as ações entre o design e o artesanato, além de recuperar o processo de criação da Florart (Associação de Artesãos Manuel Duarte e Porto das Flores), em Rio das Flores, cidade histórica do Vale do Café, no sul fluminense, entre 2003-2018. A partir dos depoimentos das principais agentes envolvidas neste processo foram combinadas diversas fontes. No fim de 2003, um grupo de mulheres é incentivado pelo padre das paróquias de Manuel Duarte (RJ) e Porto das Flores (MG) a direcionarem os trabalhos manuais de bordado, crochê e tricô para a geração de renda. Ocorre que já, na segunda reunião, são definidos os papéis de coordenação (Cidinha Rechden), de transmissão das técnicas de agulha e linha (D. Hosana e Tia Gene), bem como os horários e as estratégias dos encontros semanais. Assim, em janeiro de 2004, são iniciadas as atividades. E nesse mesmo ano são ofertadas, na região, ações de cunho empreendedor com vistas ao desenvolvimento local, de fomento ao turismo histórico e ao artesanato. Tal fato faz com que o processo embrionário dessa associação conte com diversos apoios e consultorias de design e gestão. Assim, mesmo antes de sua formalização, que acontece em 2005, a associação firma parceria com o SEBRAE RJ (2004-2016). Posteriormente, também angaria o apoio de FURNAS (2006-2008) e da Prefeitura de Rio das Flores (2006-2018). Em 2009, a Florart torna-se um Ponto de Cultura de artesanato, cuja chancela é obtida por meio de edital do MinC-Secretaria estadual de Cultura (2010-2014). Pontua-se que com a diminuição de ações de fomento ao artesanato por parte das políticas públicas, a partir de 2016, a associação participa das ações promovidas pela Rede Asta (2016-2018) e, integra a rede de artesãs criadas por esta entidade não governamental. Para auxiliar a contextualização, buscou-se recuperar a historiografia e a formação socioeconômica de Rio das Flores, cidade do território do Vale do Café, onde o turismo e o artesanato surgem e são incentivados como alternativas econômicas para a região. Além disso, são mencionadas as estratégias, as negociações e as disputas presentes no processo da Florart, bem como de que maneira estas se inserem no referido contexto. Destaca- se, especialmente, como o bordado, técnica com a qual a associação inicia as suas atividades, configura-se como um saber-fazer feminino, a ponto de integrar como disciplina escolar a formação social de várias gerações de mulheres, cujo aprendizado requer a concentração, a atenção e o condicionamento corporal para o domínio e a precisão de gestos. Ademais, destacam- se também algumas questões que atravessam os campos do design e do artesanato, tais como os valores atribuídos a cada campo, como a aproximação entre ambos é percebida no contexto brasileiro, e as contribuições dessa dinâmica nas ações entre o design e o artesanato ocorridos no processo peculiar da Florart.


Design cultivado: fabricação botânica a partir de podas de goiabeiras para manufatura de produtos de madeira
Esta dissertação apresenta estudo prático e teórico sobre o desenvolvimento de projetos de produto a partir da fabricação botânica, manufatura realizada pelo controle de crescimento vegetativo de plantas. Tal processo se diferencia em alguns pontos do biodesign por ser uma prática de projeto específica para se relacionar com materiais vivos de crescimento vegetativo oriundos de plantas espermatófitas. Através do aprofundamento sobre o campo da fabricação botânica e suas práticas de moldagem e da experimentação prática em torno de desenvolver produtos físicos pela fabricação botânica, é possível compreender diversas questões abordadas na teoria do biodesign como, por exemplo, a correspondência, o codesign com não humanos, e o potencial de participação de um projeto de design na idealização coletiva de mundos possíveis. Recolhidas a partir de pesquisa bibliográfica, as técnicas de moldagem sobre o processo produtivo e o campo de atores neste mercado foram testadas de forma prática, resultando em peças ainda incompletas mas que já geram vivência sobre a teoria e prática relatadas de forma a compor esta pesquisa.


Conjecturando futuras relações entre design e propriedade intelectual
Esta tese visa fornecer subsídios técnicos e teóricos no sentido da atualização de leis, práticas e políticas de proteção da Propriedade Intelectual relativas ao design. Para tanto, são traçadas conjecturas que exemplificam direções para onde podem se encaminhar os direitos de Propriedade Intelectual relativos ao design no Brasil, considerando especialmente as mudanças na produção industrial contemporânea. Realizando um movimento temporal em direção tanto ao passado como ao futuro, a pesquisa executa também um movimento de territorialização epistêmica, trazendo esse debate, geralmente levado a cabo por juristas e pesquisadores em direito ou economia, para o campo teórico do design. Entre os temas abordados estão o surgimento das leis de salvaguarda ao design em países como França e Inglaterra, ao longo dos séculos XVIII e XIX; o desenvolvimento das legislações de proteção aos desenhos e modelos industriais no Brasil, nos séculos XIX e XX, e, em paralelo, a institucionalização nacional do campo do design. Lança-se ainda um olhar crítico ao estado atual da proteção aos desenhos industriais, à Lei de Propriedade Industrial vigente, seus requisitos e critérios de exame. Por fim, realiza-se o exercício ficcional das conjecturas, abordando temas como manufatura aditiva, indústria 4.0, inteligência artificial e a crescente importância do design de interação no que se tem convencionado chamar de quarta revolução industrial.

Colaboratório: experimentos de colaboração e educação na oficina gráfica da Esdi
Esta dissertação tem como objeto de pesquisa o projeto Colaboratório que tinha como objetivo reativar a oficina gráfica da Escola Superior de Desenho Industrial - Esdi através da experimentação e desenvolvimento de uma gestão compartilhada do espaço, recursos e saberes referentes aos meios e métodos de produção gráfica. Ao longo de minha vivência como pesquisadora da Pós-graduação da Esdi utilizei as noções de correspondência (Ingold, 2013) como inspiração para desenvolver minha metodologia de pesquisa ao me engajar em um processo investigativo sobre como essa experimentação se deu e qual sua relevância para a escola e para o campo do design. Os aspectos descritos sobre o Colaboratório acom- panham o projeto desde sua concepção no início de 2016 até o fim da presente pesquisa em 2019 e dizem respeito a sua origem e motivação de seus participantes em fazerem parte de tal projeto, sua organização e através de que ferramentas é realizada a gestão compartilhada da oficina gráfica, a produção de artefatos gráficos e como esta se dá e como é viabilizada a comunicação e troca de saberes dentre seus participantes. A partir desta investigação é pos sível compreender o projeto em questão como uma plataforma de colaboração que promove um ambiente de desenvolvimento e aprendizado sobre a colaboração em si e, também, diferentes formas de acessar o conhecimento acerca da produção gráfica, distintos aqueles aos que estamos habituados a encontrar dentro de um ambiente universitário. Estas reflexões são apresentadas ao colocar em diálogo as experiências observadas no Colaboratório com três principais temas tratados neste documento, são eles: laboratório, colaboração e educação. Como conclusão e apontamentos compreendemos que tal projeto colabora com a escola ao reativar um espaço de oficina que se encontrava com pouco uso, mas principalmente ao apre-sentar diferentes formas de possibilitar a permanência deste espaço ativo, como também em investigar meios para que alunos e não alunos construam de forma mais autônoma caminhos para sua formação e disseminação de seus trabalhos. Não é possível prevermos quais serão os desdobramentos futuros do Colaboratório mas podemos renovar a aposta realizada em sua concepção de que a potência de construir algo juntos é um caminho viável para a democratização dos meios e métodos de produção gráfica.

Entrelaçando design com antropologia: engajamentos com um coletivo de moradores do bairro de Santa Teresa no Rio de Janeiro
Esta tese investiga a relação do design e da antropologia por meio da experiência de uma designer com um coletivo de moradores interessados em minimizar a violência no bairro de Santa Teresa no Rio de Janeiro. Em primeiro lugar, baseada na pesquisa de mestrado, em que se analisaram os artefatos produzidos e pensados por não-designers das ruas de Belo Horizonte, foi realizada uma aproximação gradual com autores da antropologia e do design que valorizam o trabalho e o saber dos não-designers. Como segundo momento, se identificou o engajamento com o Coletivo Santa sem Violência (CSSV) organizado por moradores do bairro de Santa Teresa do Rio de Janeiro preocupados com o incremento da violência na área. Ao longo da pesquisa de campo foram realizadas múltiplas atividades que podemos classificar em duas: coleta de dados e participação ativa das reuniões e ações realizadas pelo CSSV em espaços públicos. Após quase um ano de trabalho junto com os membros do Coletivo, os dados foram analisados à luz de abordagens do design e da antropologia. A partir do ponto de vista do design destacam-se temas como: Design Anthropology, Design Participativo, Adversarial Design e Design Ativismo. Pelo ponto de vista da antropologia: esperança, correspondência e autonomia. Esta análise permitiu a construção de reflexões que podem servir de base para futuros engajamentos de designers com comunidades.


Esdi Aberta: design e (r)existência na Escola Superior de Desenho Industrial
A pesquisa aqui apresentada trata do movimento Esdi Aberta, articulado na Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi) em 2017 em decorrência da crise da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). A Esdi, pioneira no ensino superior de Design no Brasil, consiste em uma unidade da UERJ, instituição pública e de ensino gratuito financiada pelo Governo do Estado. Em 2017 a universidade sofreu, de modo árduo e inédito, com a ausência de condições mínimas para manter suas atividades regulares devido ao atraso no pagamento de bolsas de estudo e do salário de professores e técnicos, além da subtração de verbas destinadas à manutenção e à infraestrutura. Frente à crise da UERJ – e, portanto, da Esdi – alunos, ex-alunos, professores, técnicos e voluntários se dedicaram a articular modos de manter a escola aberta e ativa. Foram experimentadas alternativas de gestão, ensino e troca de conhecimento ante à instabilidade e aos desafios que surgiam com frequência. Para além de um movimento de resistência, o Esdi Aberta buscava novas formas de existência. Neste trabalho, visa-se não apenas registrar esse momento da escola, mas também provocar questionamentos sobre o que pode ser feito para que seja possível, no Brasil, um futuro do qual a Esdi e o ensino superior público gratuito façam parte.


Os contornos de sentido do termo design no fomento ao artesanato no Sebrae
O desenvolvimento de projetos de fomento ao artesanato com fins socioeconômicos no Brasil têm surgido em grandes números em todas as regiões do país em maior quantidade desde a década de 1990 e tem sido um dos principais responsáveis pela aproximação cada vez mais recorrente entre designers e artesãos. O Sebrae é hoje a maior agência de fomento ao micro empreendedorismo do Brasil e também a agência a realizar o maior número de projetos de fomento ao artesanato em todos os estados do país. Movimenta significativamente a economia do segmento e está relacionada ao desenvolvimento de políticas públicas aplicadas ao artesanato, e assim, ajuda a determinar as estratégias futuras para o setor. É também o maior responsável por facilitar o encontro entre entre designers e artesãos, e, por possibilitar estes encontros também baliza a maneira pela qual tais encontros são praticados, acionando designers através de consultorias oferecidas pelos profissionais da área àqueles aos quais os projetos se destinam. Esta pesquisa tem por fim perceber que design é esse que aplicamos no fomento ao artesanato, analisando os modos com que o termo design vem sendo acionado pelo Sebrae, buscando compreender como se dão as interferências destes conceitos nas práticas de designers no fomento ao artesanato realizados pela agência, através da análise de documentos gerados pelo Sebrae sobre as categorias design e artesanato, bem como através da pesquisa de campo realizada em Recife/PE que pretende investigar qual é o lugar do Sebrae nestes processos através dos discursos sobre as práticas de atores envolvidos nesses contextos no Pernambuco. Espera-se que através do investimento de pesquisa proposto nesta dissertação, possamos levantar questões que permeiam o campo do design quando se aproxima do artesanato, a fim de pôr em discussão os usos do design que emergem dos discursos sobre o fomento ao artesanato.


Sobre design e patrimônio cultural: o Bumba meu boi em exposição na Casa do Maranhão
O Bumba meu boi é uma manifestação cultural marcante da cultura popular maranhense. No ano de 2011 recebeu o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, obtendo ainda mais espaço para a sua apresentação e exposição. Nesta perspectiva, fortaleceu-se sua importância dentro do espaço da Casa do Maranhão - museu que tem por missão contar a história do Maranhão. Diante desses aspectos, esta pesquisa tem como objetivo apresentar, primeiramente a manifestação, seus rituais e mecanismos de resistência, depois uma descrição do acervo de exposição e por fim uma análise das falas dos agentes que mediam essa exposição com o público. A partir da descrição e análise do que envolve a exposição a dissertação propõe alguns questionamentos sobre os modos com que o saber-fazer do design pode contribuir para a construção da memória de um determinado bem cultural, como o Bumba meu boi. Aliando observação participante à análise do projeto expográfico, o trabalho se propõe também como um experimento na interface entre design e antropologia.


Jogos: viabilizando engajamento e facilitando diálogos em processos de codesign
O presente trabalho discute de que modo jogos de design podem facilitar a pesquisa em processos de codesign a partir de uma experiência em que a autora se descreve ao mesmo tempo como pesquisadora e participante de um projeto de cooperação internacional realizado em 2015. Em um primeiro momento, é retratada uma parceria entre dois laboratórios de pesquisa, o Center for Codesign Research (CODE, Dinamarca) e o Laboratório de Design e Antropologia (LaDA, Brasil), para então delinear de que forma essa aproximação viabilizou seis experimentos de codesign em três bibliotecas públicas do Rio de Janeiro (Biblioteca Parque Estadual, Biblioteca do Museu de Arte do Rio de Janeiro e Biblioteca da Prainha). Nesse sentido, quatro dos experimentos mencionados utilizaram jogos de design em seus contextos de pesquisa, os quais se tornaram objeto de estudo desta dissertação. Sendo assim, a partir de uma revisão acerca de características de quatro jogos de design elaborados previamente na Dinamarca, tanto quanto através da análise documental e da rematerialização dos experimentos brasileiros de codesign, é observado como os jogos concebidos nestes processos atuaram também como plataformas de colaboração. Nesse âmbito, a presente pesquisa não somente demonstra como jogos podem ser utilizados como meio de viabilizar engajamento e facilitar diálogos em processos de codesign, como também apresenta parâmetros que podem ser utilizados como ponto de partida na concepção de jogos de design em processos colaborativos.


Stardesigners: a autoria no trabalho de Charles Eames, Milton Glaser e Stefan Sagmeister
Partindo da premissa de que designers podem ser reconhecidos como autores, este trabalho tem como objetivo investigar como se dá a atribuição do status de celebridade aos profissionais que extrapolam a dimensão prática de sua atuação. A problematização das relações entre design e autoria é feita a partir do estudo de caso múltiplo com os designers: Charles Eames, Milton Glaser e Stefan Sagmeister buscando entender os pontos de contato e de afastamento entre cada um deles. Nesta pesquisa a figura do designer-autor é analisada sob três aspectos indissociáveis: reconhecimento social, estilo e expertise.


Aqui trem: o universo do comércio ambulante dos trens do Rio de Janeiro
Aqui Trem é um zine que reúne fragmentos de histórias sobre o comércio ambulante dentro dos trens, desenvolvido como projeto de conclusão de graduação na Escola Superior de Desenho Industrial por Marcele Azevedo, sob orientação da professora Zoy Anastassakis. O zine apresenta pequenas narrativas de passageiros e ambulantes que se relacionam, de alguma forma, com a prática dos camelôs nos trens do Rio de Janeiro. Esta compilação de conversas busca registrar, por meio de relatos e imagens, parte deste universo.


Compartilhaê: a plataforma de serviços da favela
O presente projeto, consistiu no desenvolvimento de uma plataforma de serviços voltada para uma comunidade no Rio de Janeiro. A partir de estudos de campo, entrevistas e pesquisas voltadas ao comportamento dos membros da comunidade, surgiu-se a necessidade do desenvolvimento de uma ferramenta com o objetivo de mitigar o acúmulo de lixo de grande porte dentro da comunidade, melhorar as relações pessoais dos moradores e promover o reconhecimento de serviços locais. Para tanto, desenhou-se uma plataforma de serviços online para os moradores, com opções de anunciar e comprar produtos, procurar e cadastrar serviços. Para o desenvolvimento do trabalho foram realizados questionários com os moradores, entrevistas em forma de conversas e uma oficina colaborativa na favela. Foram usados também elementos gráficos para compor o layout, extraídos de formas e cores da comunidade em questão. A plataforma possui uma extensão fixa, presente em alguns pontos mapeados de maior fluxo de pessoas, dentro da favela. Ela atua como canal de reconhecimento e aproximação dos moradores e traz como importante consequência a diminuição do lixo nos pontos de descarte, através da compra e venda de produtos e oferecimento de serviços de dentro da comunidade.


Duas Faces do Divino: a expressão da loucura em imagens
Duas Faces do Divino é um projeto editorial resultado de um processo de pesquisa que busca relacionar a arte e sua capacidade de projeção do inconsciente, sendo um meio individualizado que possibilita o bem-estar e a comunicação com pessoas que vivem diversos estados do ser. A partir da imersão na Casa das Palmeiras, instituto que utiliza de práticas expressivas como método de cuidado e reabilitação mental. A autora desenvolve sua tese através da análise simbólica da seleção de imagens desenvolvidas pelos dois artistas Judah e Davi, ambos diagnosticados com esquizofrenia. O livro além de expor as imagens busca ampliar a discussão para além do campo da saúde mental legitimando a prática artística como tratamento terapêutico.


Santa utopia
O projeto "Santa Utopia" é uma série de intervenções urbanas situadas no bairro de Santa Teresa, Rio de Janeiro, que abordam as questões relacionadas aos problemas de mobilidade urbana no local. A partir da perspectiva do design e do designer como levantador de dados, comunicador e instigador do pensamento através de veículos de informação visuais e sintetizados, o objetivo deste projeto é a partir de 9 matrizes linográficas que ilustram situações vividas pelo moradores coletar informações sobre transporte e mobilidade em Santa Teresa e incentivar discussões e pensamentos sobre o ambiente no qual estamos inseridos.

Sobrenós: desvendando a jornada do câncer de mama
Com este projeto buscou-se refletir sobre a relação do design com a área da saúde, e como uní-los para propor melhorias na qualidade de vida. Assim, o tema escolhido, câncer de mama, é tratado sob o ponto de vista do design.
A partir de uma abordagem guiada pela soma de perspectivas diversas (mulheres portadoras do câncer de mama, seus familiares, e os profissionais de saúde), foi possível mapear a jornada do câncer de mama e o seu impacto na vida cotidiana.
O estudo resultou em um livro, que tem como objetivo inspirar pessoas através de histórias reais, encorajar o enfrentamento da doença e proporcionar educação sobre câncer. Contribuindo assim, no processo de desmistificação da doença. Por fim, busca-se especialmente impactar positivamente na vida das pessoas e reafirmar a importância da multidisciplinaridade no campo da saúde.


Zine Lili: um estudo da relação entre moda e feminismo
Este trabalho tem como objetivo ser um meio de promoção de ideologias feministas que questionem o papel de dominação social da moda, mas que também apresente sua potencialidade como ferramenta de revolução e empoderamento feminino. Para tanto, foi realizado um levantamento histórico sobre a evolução do vestuário da mulher e do movimento feminista nos dois últimos séculos, em conjunto com uma análise do tema na sociedade contemporânea, e um levantamento de questões atuais entre a indústria de moda e a luta pela igualdade de gêneros. A síntese dessa pesquisa deu origem ao conteúdo da fanzine Lili.


Aconteceu no Rio
“Aconteceu no Rio” é um projeto de design que resgata histórias curiosas, bizarras e divertidas sobre a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro e para isso conta com intervenções urbanas – ilustrações impressas e coladas pela cidade – e folhetins impressos com essas histórias contadas de forma escrita e ilustrada. E procura, dessa maneira, incentivar e resgatar um interesse, com diferente enfoque, pela cidade, por seus moradores (e adoradores).

Ciclotopia: reflexões sobre o futuro e a bicicleta
Ciclotopia é um filme curta-metragem do gênero documentário estruturado em três tempos: por meio do resgate da memória da bicicleta no tempo passado, e a observação da presença deste veículo no tempo presente, buscam-se reflexões a respeito de suas possibilidades no futuro. Através das narrações pessoais da própria autora e dos relatos de experiências de ciclistas urbanos, são investigados cenários para um futuro mais amigável à bicicleta no Rio de Janeiro.


COGNI: Plataforma digital educativa
O projeto "COGNI" visa desenvolver uma plataforma digital educativa acessível para alunos do ensino médio da rede pública estadual. Nela, são disponibilizados materiais didáticos e auxiliares, e atividades interativas, cujo desempenho pode ser analisado por professores. O objetivo é trazer exercícios de maneira mais lúdica, tornando o aprendizado e fixação das informações menos pesados para os estudantes. Como exemplo de uso, este trabalho foca na matéria de História, apresentando uma atividade de linha do tempo, em que os alunos podem alinhar eventos históricos com suas descrições e datas.

Diálogos - só não existo.
No intuito de investigar o conceito de linguagem nos relacionamentos pessoais, Andrea Pech expõe as possibilidades de demonstração de afeto através do silêncio. O projeto da designer consiste no encontro entre oito pessoas com relações de intimidade umas com as outras, no qual permanecem em silêncio absoluto, evidenciando que o afeto não depende da fala para se manifestar. Embora o encontro tenha sido privado, o registro do projeto foi feito de forma indireta, através do relato dos envolvidos, o que, propositalmente, destaca a subjetividade das diferentes experiências do encontro.


Egossistema: o paradoxo do fim do mundo um convite a filosofias particulares
Este projeto busca entender o exercício da filosofia em nosso cotidiano. Tendo como objetivo criar um convite ao meu labirinto filosófico particular, este processo de auto conhecimento e auto exposição teve como resultado um fanzine no qual narro uma reflexão filosófica particular.

Pista - Uma investigação gráfica/espacial do uso do espaço público por pessoas em situação de rua
“Pista” é um projeto que após um série de pesquisas em campo com pessoas em situação de rua, desenvolve um experimento em três partes. A primeira pesquisando o espaço urbano com artistas, a segunda em diálogo com essas pessoas em situação de rua e a terceira amalgamando as duas primeiras e as transformando em uma sinalização para rua. Neste projeto a criação desses sinais é uma possibilidade de se abrir um diálogo que os transformem em produtores de conteúdos que permanecerão no espaço que habitam, questionando sua permanência/existência.


Viravolta: um jogo de cartas em prol da reflexão
"Viravolta: um jogo de cartas em prol da reflexão" é um projeto em que se deseja criar um jogo que invoca a introspecção no jogador. Para este projeto, pesquisa e entrevistas são feitas sobre a felicidade em diversos campos de estudo e conhecimento como filosofia, psicologia, medicina e religião. Com os resultados dessa etapa de coleta de informações é desenvolvido um jogo, com público alvo sendo jovens de 20 a 30 anos de idade, em que os jogadores, em turnos, narram a vida de um indivíduo fictício em busca de guia-lo para seus próprios objetivos pessoais. E através desta interação se deseja alcançar um estado de reflexão e descoberta do próprio usuário. Neste projeto são usados design de comunicação e produto para o desenvolvimento da identidade visual e dos componentes físicos do jogo.

Baixada correndo solta
Tornar visíveis produções culturais independentes e locais na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, pode contribuir para uma nova percepção sobre essa região cercada de estigmas de periferia. Buscando evidenciar o valor de tais iniciativas no contexto cultural local, este trabalho tenta desvelar e, ao mesmo tempo, registrar o atual panorama cultural independente dessas cidades. Além disso, empenha-se em refletir sobre a importância do design como agente provocador de novos modos de perceber e discutir as dimensões da sociedade e da cultura. Para isso, o projeto expõe as etapas do processo de mapeamento, as visualizações dos dados colhidos e o projeto gráfico do fanzine, suporte final de apresentação de pesquisa.


Cartão da Gestante: um redesign
A partir do tema Utopia propomos a apresentação da maternidade como uma idealização de vida.O trabalho consiste na criação, planejamento e desenvolvimento por meio do método de redesign de um material visual sobre o período gestacional ou pré-natal.O projeto também abrange aos profissionais de saúde em relação ao acompanhamento da gravidez, do pré-natal para melhoria das informações contidas no cartão da gestante ou cartão pré-natal, além de fornecer a comunicação entre profissionais. Destina-se a disseminar a importância da qualidade do acompanhamento e tratamento das mulheres e seus bebês atingindo o público gestantes e os profissionais.

Eu, eu Mesmo e o Diabetes
No presente projeto, o tema diabetes infantojuvenil é tratado sob um ponto de vista que, para muitos, pode causar certo estranhamento: o do design. A partir de uma abordagem pautada na soma de perspectivas diversas e complementares (a dos jovens portadores do diabetes, a dos seus familiares, a dos profissionais de saúde e a do designer), foi possível mapear o cenário do diabetes na adolescência e identificar pontos críticos e oportunidades de atuação.
O estudo resultou em um kit de imersão no cenário do diabetes infantojuvenil - conjunto de peças que proporciona um mergulho nesse universo e oferece diretrizes para a realização de projetos relacionados ao assunto. Através do material, busca-se alimentar o desenvolvimento de novos projetos, em especial aqueles que impactam positivamente na vida das pessoas.


O Corpo Carioca
Cariocas é uma série de 50 cartões postais ilustrados sobre os corpos do Rio de Janeiro, onde através da linguagem caricatural valoriza-se o corpo real seja ele, gordo, magro, negro, branco ou tendo qualquer diferença em seu fenótipo.
Sendo vendido em dois pontos específicos (livrarias e bancas de jornal), os postais possuem duas versões diferentes, no formato de livro e avulsos nas bancas de jornal.
O objetivo principal desses postais é transmitir com humor uma crítica sobre os padrões de beleza impostos pela sociedade que valoriza o corpo como possível instrumento de capital.


Rio Duet Series
“Rio Duet Series” é um zine que atua como um convite a passear pelas mil faces da cidade do Rio de Janeiro. O projeto consiste em uma série de registros visuais montados a partir de relatos de pessoas que vivenciam a cidade de maneira distinta. O “duet (dueto, em português)” no nome do livro é resultado da união das perspectivas e vivências de duas pessoas sobre a cidade do Rio de Janeiro e “series (série, em português)” faz referência à capacidade do projeto de ir se somando infinitamente. A tradução gráfica dos relatos cria uma única cidade construída a partir de duas visões: a do outro e a visão da autora sobre a visão do outro. Assim, o projeto nos convida a refletir sobre questões de interpretação e subjetividade.

Cascadura: caminhos do subúrbio
O objetivo do projeto Cascadura - Caminhos do Subúrbio consiste em divulgar um conteúdo compreensivo sobre a história do bairro de Cascadura, situado no subúrbio carioca, veiculando as informações por meio de um website, tornando-as públicas para que os indivíduos interessados em conhecer a cultura fluminense, compreendam a história construída pelos antigos moradores da região. Além de informar e despertar uma postura de interesse, respeito e preservação à sua memória, bem como dotar o cidadão de ser pertencente à construção patrimonial e apresentar uma visão geralmente desconhecida que temos dessa região que foi de suma importância para o desenvolvimento da cidade do Rio de Janeiro.

Comum, um ambiente colaborativo
O presente projeto é um ambiente colaborativo que estimula a produção e troca de percepções sobre o espaço urbano e seu uso. Para isso foram combinadas noções de cartografia alternativa, participativa e online com conceitos de cocriação e compartilhamento presentes nas redes e mídias sociais. Ele se deu a partir da reflexão sobre o espaço urbano e suas camadas de significação, observando a subjetividade da cidade e seus cotidianos que estimularam a vontade de valorizar o que é considerado ordinário e comum. Seu desenvolvimento se baseou em protótipos e testes com potenciais usuários.

Criatividades
O projeto "Criatividades" tem como proposta a divulgação de pontos culturais e criativos na cidade do Rio de Janeiro, estimulando a sua valorização pela população local e/ou turista. Foram criadas três peças gráficas, um folder e postais impressos, e um site, com representações de mapeamento e dados quanto às áreas: arquitetura, arte, artes cênicas, cinema, design, fotografia, moda e música. Foi dado ao projeto o recorte das regiões de Centro, Zona Portuária e Santa Teresa. Todas as peças gráficas apresentam um mapa da região, em que cada atividade é indicada com um número correspondente, na legenda sendo dados os nomes, as áreas em que se encaixa, endereço e website.


Save.My.Trip
“Save.My.Trip” trata-se de uma rede social que se propõe a auxiliar o turista e suas demandas em uma viagem, conectando os moradores da região e os estrangeiros. O projeto desenvolveu-se a partir de pesquisas de campo em locais que fazem parte da rotina do turista como aeroportos e entrevistas com os próprios turistas e guias de turismo, de forma a filtrar o que deve ou não ser feito no momento de projetar o serviço. Inicialmente como um site para computador, “Save.My.Trip” denomina os usuários que disponibilizam ajuda como “anjos” e os que recebem, “viajantes”. Ao final do projeto, o website se transforma em um aplicativo para celular, sem perder o vínculo colaborativo como sua principal característica. Esse trabalho visa oferecer ao turista uma alternativa às demandas de naturezas diversas, decorrentes de situações de viagens.

A evolução estética dos desfiles das escolas de samba pela perspectiva preta
A proposta para pesquisa com o título "Olhar do negro sobre a evolução da estética dos desfiles de escola de samba" tem como objetivo analisar a evolução da estética dos desfiles de escola de samba sob a perspectiva de indivíduos negros. A pesquisa se baseia em uma abordagem qualitativa, utilizando entrevistas semiestruturadas com indivíduos ligados ao universo do samba, como carnavalescos, pesquisadores e integrantes de escolas de samba, e a análise de materiais como fotos, vídeos e textos relacionados aos desfiles ao longo dos anos, buscando resgatar o negro como centro da discussão. A pesquisa visa destacar a importância da perspectiva negra para a compreensão da estética dos desfiles, enfatizando a necessidade de valorizar a diversidade cultural brasileira. Ela destaca a importância do samba como um elemento de resistência e afirma que a preservação das raízes afro-brasileiras no samba e nos desfiles é essencial para a construção de uma identidade nacional mais inclusiva e diversa.


As experiências periféricas em artes e o ensino em design
Esta pesquisa tem por objetivo primário investigar as trajetórias e produção de designers e artistas contemporâneos periféricos visando à formulação de novas abordagens pedagógicas para escolas de design, buscando compreender o que seria possível para a pedagogia do design aprender com experiências artísticas de origens e referenciais periféricos, assim, refletir sobre o que a educação formal em design poderia absorver de práticas informais, que contribuem para a reflexão sobre os desafios do mundo contemporâneo, em especial, a colonialidade.


Carioquicidade: estampando a alma da cidade na virada do século XX
A obra consiste em um acervo de estampas têxteis criadas a partir de crônicas literárias de autores renomados, que retratam a cidade do Rio de Janeiro na virada dos séculos XIX e XX. O objetivo aqui é representar graficamente o que se pode extrair de genuinamente carioca nos textos escolhidos. Carioquice, como chamamos os costumes e comportamentos típicos do Rio de Janeiro, foi a essência retirada dos textos. Para uma melhor edição e melhor compreensão dessa alma local, foram utilizadas pesquisas históricas e questionários pessoais para entender a identidade e o conceito de cidade e moda em diferentes grupos sociais. Pretende-se, a partir da coleção realizada, propor representações do contexto da cidade à época no plano do design de superficies, almejando o público da própria cidade.


Design Anthropology no Brasil: Uma aproximação
Com a pesquisa espero poder me aproximar do entrelaçamento entre Design e Antropologia, procurar semelhanças e diferenças com um fazer Design Anthropology na Europa - em relação ao Brasil -; refletir sobre como esse campo do conhecimento - e não por isso menos engajado com a prática - está sendo formulado no Brasil; mapear onde e como está sendo produzido e articulado - dentro das possibilidades de uma pesquisa de dois anos. Num âmbito mais geral, como a produção deste campo pode ajudar a pensar em práticas em design comprometidas com o tempo presente, como responder às críticas ao projeto moderno, à crise social e ambiental a que o Antropoceno se caracteriza.


Festa, espaço e encontro: táticas de insistência em meio à turbulência de uma pandemia
Partindo da pergunta "O que acontece com a roda quando não pode fazer roda?", o estudo é uma investigação sobre adaptações realizadas por coletivos no sentido de garantir que festas e festejos populares se mantivessem ativos durante e após a pandemia de Covid-19. Percebeu-se nestas adaptações – as quais ultrapassam o contexto pandêmico – foco especial no engajamento dos sujeitos em garantir a sobrevivência das pessoas a partir de redes de apoio, em criar espaços de encontro e em manter a continuidade da tradição para as novas gerações. Através dessa análise, a pesquisa faz uma leitura de um design-verbo que atravessa a vida cotidiana e o território, em um processo de elaboração contínua do presente, em alternativa à concepção do termo atrelado ao projeto e ao planejamento de uma condição futura. Sugeriu-se, assim, que indivíduos e coletivos desenham continuamente formas de insistir e de garantir a viabilidade da vida em contextos de precariedade e emergência e que festas e festejos participam do desenho da cidade, material ou imaterialmente.


Presença de Mulheres Negras no Ensino Superior em Design no Brasil
A pós-graduação é um espaço onde as mulheres negras enfrentam diversas formas de opressão, contribuindo para a perpetuação de desigualdades, e que formam barreiras significativas para sua permanência e sucesso nesse nível de ensino. Entre os fatores dificultadores que se apresentam de forma explicita estão a discriminação de gênero, discriminação racial e a maior possibilidade de serem marcadas pelos índices de pobreza. E esses fatores se entrelaçam e se combinam como marcadores indivisíveis para criar desigualdades sistêmicas (WERNECK, 2001). É preciso observar a interseccionalidade das experiências, reconhecendo que as mulheres negras enfrentam simultaneamente múltiplas formas de discriminação e violência, dificultadores de qualquer tentativa de ascensão social.


Projetos de escola em disputa: resistências pedagógicas à implementação do design moderno no Brasil na década de 1960
A implementação do ensino do design moderno ocorreu a partir da década de 1950 no Brasil. A década seguinte foi muito promissora e fértil em ideias educacionais para a profissão porque, além das instituições acadêmicas estarem sendo postas em questão pelos estudantes no mundo todo, aqui, ainda não se havia institucionalizado o ensino de design, que se consolidaria com a regulamentação do currículo mínimo obrigatório adotado no final da década. Essa pesquisa, inserida no campo da história em design, centrou-se em 3 projetos de escolas de design que tentaram, sem sucesso, ser implementados no Brasil nesse momento: a Escola de Desenho Industrial e Artesanato, projeto da arquiteta Lina Bo Bardi inserido no Complexo do Solar do Unhão, Salvador, Bahia, de 1961-64; o Centro de Estudos Universitários do Parque Lage, em 1965, também projeto de Bo Bardi; e a paralisação de 14 meses da Escola Superior de Desenho Industrial, entre 1968-1969, uma tentativa coletiva de reforma estrutural da escola. Desenvolvendo uma abordagem decolonial sobre a história do design no Brasil, buscou-se recuperar um debate entre visões divergentes que guiaram os primeiros anos de instauração da educação e prática de design moderno no país, olhando para projetos que ofereciam alternativas ao que estava sendo consolidado como modelo de ensino. Após extensa pesquisa arquivística, como uma maneira de imaginar como essas escolas poderiam ter funcionado, já que ficaram em projeto, as fabulações especulativa e crítica (foram mobilizadas como ferramentas metodológicas.


Transformação dos espaços urbanos: circularidade e ressignificação a partir das festas populares
A partir de um olhar de brincante e designer, com atenção especial aos estudos de design e antropologia, utilizando de métodos de pesquisa qualitativa documental e etnográfica urbana, tenho como objetivo geral investigar a transformação de espaços a partir da festa. Essa investigação visa dar ênfase às espacialidades geradas pelo encontro entre os corpos coletivos em festa, criando desenhos efêmeros e duradouros de cidade, que é atravessada pela temporalidade dos ciclos festivos. Além disso, a pesquisa visa trazer reflexões sobre as dinâmicas sociais, políticas e econômicas no desenho da cidade e do território, levando em consideração processos de negociação e conflito na ocupação e habitação dos espaços compartilhados, assim como a circularidade presente nesses processos. Usando métodos de pesquisa com design, pretendo também documentar essas mudanças e processos através da criação de produtos visuais que dêem conta de processar e tangibilizar os achados de pesquisa.
