O fazer criador de si e do mundo: um olhar sobre a experiência dos processos experimentais no ensino de design contemporâneo
Este estudo tem como objeto de pesquisa as experiências oportunizadas por processos criativos nos quais se prioriza a livre experimentação. Dando-se no contexto do ensino superior de Design, neste trabalho, olhamos para a experimentação como errância e investigação que possibilita breakdowns (VARELA, 2003) – colapsos que desestabilizam modos de agir corriqueiros, criam novas formas de operar, reinventam mundos e maneiras de viver. Nos distanciando dos valores capitalistas de produção que pautam também o ensino, refletimos sobre a contribuição destas "experiências errantes" para a formação dos designers na contemporaneidade, entendendo a graduação em Design como possibilidade de espaço de suspensão desta lógica produtivista, configurando-se como ambiente seguro e convidativo a intensas experimentações através do fazer. Por meio de conversas realizadas com estudantes e professoras de Design, buscamos reunir diferentes pontos de vista sobre a experiência dos fazeres experimentais enquanto prática pedagógica. Ao relacionarmos o ambiente do ensino superior em Design a um picadeiro de circo que, com sua rede de proteção, tranquiliza o acrobata – este profissional de corpo suspenso no ar, também pressionado pelo desempenho perfeito – para a aprendizagem de sua prática, sugerimos que a suspensão da lógica produtivista se dê a partir de três elaborações: pelo enfrentamento do risco, do erro, do não padronizado; pela produção coletiva que subverte a ideia de efetividade pela afetividade; e pela adoção de um modelo de ensino não tradicional, que expande as fronteiras do espaço físico das salas de aula.
This research has as its study object the experiences made possible by creative processes in which free experimentation is prioritized. Taking place in the context of higher education in design, in this work, we look at experimentation as errancy and investigation that enables breakdowns (VARELA, 2003) – collapses that destabilize commonplace ways of acting, create new ways of operating, reinvent worlds and ways to live. Distancing ourselves from the capitalist production values that also guide teaching, we reflect on the contribution of these "errant experiences" to the training of designers in contemporary times, understanding the higher education in design as a possibility of suspension space of this productivist logic, configuring itself as a safe and a inviting environment to intense experimentation through making. Through conversations with design students and teachers, we sought to bring together different points of view on the experience of experimental marking as a pedagogical practice. When we relate the environment of higher education in design to a circus ring that, with its safety net, reassures the acrobat – this professional with his body suspended in the air, also hiding the perfect performance – for learning his practice, we suggest that the suspension of the productivist logic takes place based on three elaborations: facing the risk, the error, the non-standard; the collective production that subverts the idea of effectiveness through affectivity; and the adoption of a non-traditional teaching model, which expands the boundaries of the physical space of classrooms.